Câmara de Lisboa demoliu espaço para avançar com Feira Popular e prometeu novo complexo desportivo. Nenhum dos dois avançou.
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Os 400 atletas do Clube Atlético e Cultural da Pontinha estão sem instalações há quatro anos. A Câmara de Lisboa demoliu o espaço onde treinavam para avançar com o projeto da Feira Popular, que acabou por ser abandonado por falta de investidores, e prometeu construir o Complexo Desportivo Municipal de Carnide, onde o clube seria realojado. O equipamento desportivo já foi a concurso três vezes, mas a construção não arranca. O último terminou em março e aguarda adjudicação da autarquia lisboeta desde então.
Há uma semana, o Clube Atlético e Cultural lançou, por isso, uma petição, até agora com 1364 assinaturas, a exigir a construção "urgente" do complexo desportivo. Fundado em maio de 1974, o clube forma jovens na modalidade de futebol, inclusive para invisuais, ginástica, jiu-jitsu e xadrez. Desde 2018, os atletas usam as instalações do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, em Odivelas, cedidas no âmbito de um protocolo entre a Câmara de Lisboa e o sindicato, que terminou em junho.
"Quando começou a época desportiva, em agosto, tivemos de treinar na rua. Começou a dizer-se que o clube podia fechar e houve uma debandada de atletas, perdemos cerca de 50", lamenta ao JN o presidente do Clube Atlético e Cultural da Pontinha, António Roque.
Prejuízos de milhares
Sem instalações próprias, o clube tem cada vez mais dificuldade em obter receitas. "Não conseguimos ter um bar que nos possa autofinanciar. Se há um corte de apoios, da Câmara ou Junta, ou se o sindicato tiver outras atividades para o seu espaço corremos o risco de fechar", receia.
António Roque lembra ainda que o Clube da Pontinha organiza o maior torneio de futebol infantil, que chega a ter 2000 pessoas. "Fazia-se dinheiro para sustentar o clube durante um ano", explica o presidente que tem tido "prejuízos de milhares de euros" nos últimos anos.
O acordo com o Sindicato de Futebol foi, entretanto, renovado e os atletas retomam amanhã às instalações desta associação, mas continua a ser uma solução temporária. O JN enviou questões à Câmara de Lisboa, mas não obteve resposta.