<p>Uma adolescente morreu atropelada por um carro conduzido pela professora em frente ao acampamento cigano, onde morava, na freguesia de Válega (Ovar). Esta quinta-feira, a comunidade cortou a via e exigiu sinalização. A Câmara vai colocar lombas. </p>
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Noémia Monteiro Soares, de 13 anos, apeou-se da camioneta na Alameda de Santa Maria (conhecida como estrada intermunicipal que liga Ovar a Estarreja), cerca das 14 horas de anteontem, como fazia todos os dias, no regresso da EB 2/3 Monsenhor Miguel de Oliveira, onde frequentava o 5.º ano.
Saiu, contornou o veículo pela traseira e atravessou a estrada em direcção a casa, mesmo em frente. Neste movimento, foi apanhada por um carro, conduzido pela professora da escola, que seguia na direcção contrária (no sentido de Ovar). O corpo da menina foi projectado e acabou por bater contra outro carro que se encontrava parado na via, atrás da carrinha, à espera que esta arrancasse. Os familiares levaram Noémia de imediato para o Hospital de Ovar, mas já não foi possível salvá-la.
De acordo com moradores do acampamento, naquela via intermunicipal os carros circulam a altas velocidades, quando o limite é 50 quilómetros por hora. A Câmara tem conhecimento do problema e, ontem, encomendou lombas redutoras de velocidade. Segundo os populares, o carro que atropelou Noémia também circularia em excesso de velocidade. "A professora vinha com muita pressa, parece que tinha estado numa reunião e ia para a escola. Quando travou, o carro ainda andou muitos metros a deslizar", afirmou um dos elementos da comunidade cigana.
Cansados de reclamarem por mais segurança para aquela estrada, sem obterem respostas da Junta de Válega e da Câmara de Ovar, os moradores revoltaram-se e cortaram a via ontem de manhã, com tijolos e pedras.
Para acabar com o protesto, foi necessária a intervenção das autoridades. No local, esteve também José Américo, vereador da Câmara de Ovar, que garantiu que as lombas redutoras de velocidade deverão ser instaladas na próxima semana, com a adequada sinalização vertical.
Se tal não acontecer, Noé Monteiro, morador no acampamento, garante que voltam a cortar a estrada, quantas vezes for necessário. "Não é com lombas que vão pagar esta morte, mas ao menos tenham mais respeito pelas pessoas que vivem aqui", lamentou.
O autarca acedeu a colocar as lombas, mas duvida que acabem com os excessos dos condutores. "Não acredito que o problema seja resolvido . Se continuar a não haver civismo por parte dos condutores, que insistem em passar ali a mais de cem à hora, vai continuar a haver acidentes", afirmou, ao JN, José Américo, vereador com pelouro do Trânsito.
A comunidade cigana está instalada naquele terreno junto à estrada intermunicipal há mais de 15 anos e, segundo as contas dos moradores, são 30 casais e cerca de uma centena de crianças. Mais de 30 pessoas, entre crianças e adultos, usam diariamente a carrinha que anteontem transportou Noémia pela última vez.