Crescimento é equivalente às perdas no ano passado. Oferta deve refletir uma queda no preço. Produtores prometem boa fruta.
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Se o tempo não estragar a festa, que é como quem diz, se nas próximas semanas não houver chuva intensa, 2019 vai ser um ano razoável de colheita de cereja, com os fruticultores das localidades onde se mais produz a preverem um aumento que pode chegar a 40% relativamente a 2018, uma percentagem idêntica às perdas do ano passado provocadas pela queda de água e pelo frio fora de época. É uma espécie de regresso à normalidade, mas com o reverso da medalha de os preços provavelmente caírem.
Fundão
A maioria da produção nacional sai do Fundão, onde a campanha de comercialização da cereja arrancou esta semana com uma estimativa de colheita de mil toneladas, cerca de 35% acima do ano passado, em que a produção rondou as 750 toneladas, revela, ao JN, Luís Pinto, diretor comercial da Cerfundão. A organização agrupa duas dezenas de produtores, responsáveis por 50% da produção nacional. Cerca de 30% vai para exportação, para a Europa Central, onde há comunidades portuguesas.
Resende
Um aumento de produção na ordem dos 40 a 50% em Resende é a estimativa de Sérgio Pinto, do Gabinete de Desenvolvimento Rural da Câmara. No concelho, onde existem entre 350 a 400 produtores, a produção média anual ronda as 10 toneladas. "Prevê-se que a cereja seja de maior calibre e mais doce", afirma. Nesta fase, ainda inicial, a cereja está a ser vendida entre os 7,50 e os 12,50 euros o quilo. No entanto, quando houver mais produção, dentro de três semanas, altura em que decorre a festa da cereja de Resende, a 1 e 2 de junho, o preço deverá rondar os três euros.
Lamego
Os produtores de cereja de Penajóia, Lamego, têm razões para estar satisfeitos. "Este ano, a produção aumentou 30 a 40% em relação a 2018", revela o presidente da Associação dos Amigos e Produtores de Cereja da Penajóia, Ricardo Simões. A campanha de apanha começou a 15 de abril. "É aqui que nasce a primeira cereja da Europa. Este ano, a qualidade é muito boa, em resultado do calor antecipado que amadureceu o fruto", garantiu. Os cerca de 100 produtores daquela freguesia vendem as cerejas a particulares e intermediários. "Os preços estão mais acessíveis do que em 2018, porque havia menos quantidade. Um quilo custa dois euros", afirma Ricardo Simões. Os produtores preparam-se para escoar a cereja apanhada nas encostas do rio Douro, numa mostra de 25 e 26 deste mês.
Alfândega da Fé
Um ano de boa cereja, com um aumento de 40% na produção face a 2018, é o que também se espera em Alfândega da Fé, onde a colheita dos primeiros frutos deverá começar dentro de três a quatro dias. "Estamos à espera de um ano de produção média. No nosso concelho, situa-se entre as 120 e as 150 toneladas. Não há previsão de grandes quebras, como no ano passado devido ao mau tempo ", explica Eduardo Tavares, presidente da Cooperativa Agrícola.
FESTIVIDADES
Festa em Resende vai durar dois dias
A Festa da Cereja de Resende realiza-se nos dias 1 e 2 de junho, com stands, animação e, no segundo dia, um cortejo temático. A CP oferece 30% de desconto no comboio até à estação de Ermida e a Transdev faz o transporte à vila.
DAMA e Cuca Roseta em Alfândega da Fé
Em Alfândega da Fé, a Festa da Cereja abre ao público de 7 a 10 de junho. Do cartaz fazem parte os Minhotos Marotos, Per7ume, DAMA e Cuca Roseta. A gastronomia vai estar em destaque com o projeto Alfândega da Fé à Mesa.
Produto turístico do Fundão
A cereja do Fundão é igualmente um produto turístico. Anualmente, são cerca de 130 mil os turistas que visitam a zona, muito graças ao investimento financeiro de 70 mil euros do município na promoção do concelho como destino turístico, sob o slogan "Fundão: 365 dias à descoberta". Para isso, a CP coloca à disposição o "Comboio da Cereja" com preços vantajosos, a partir de Lisboa. Os visitantes são convidados a visitar e a apanhar cerejas nos pomares.
Hoje há leilão a favor da APACDM
Realiza-se hoje, às 10 horas, o leilão das primeiras cerejas do Fundão, na Praça do Município, cuja receita reverte a favor da Associação de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APACDM). A par disso, a denominada capital da cereja, a aldeia de Alcongosta, organiza de 7 a 10 de junho, a Festa da Cereja, com uma centena de barraquinhas, que atraem os apreciadores do pequeno fruto vermelho.