Autarca da Póvoa de Varzim escreveu livro para as crianças da freguesia
A prenda de Natal chegou em forma de texto, que conta a história das velhinhas tradições locais.
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Este ano, na Póvoa de Varzim não houve chocolates e outras guloseimas no sapatinho dos mais pequenos. "O Pai Natal Poveiro" veio em forma de história. Estão lá as siglas, a camisola poveira, o herói maior da terra, a tragédia de 27 de fevereiro, as tradições de uma classe piscatória, feita de famílias grandes, que comiam no chão e todos da mesma bacia. O livro infantojuvenil foi escrito pelo presidente da União das Freguesias da Póvoa de Varzim, Beiriz e Argivai Ricardo Silva e distribuído a todas as crianças das suas escolas primárias.
Ana Carolina Lopes já leu e aprova a história: "É muita gira!", contou, ao JN, a menina, aluna do 3.º ano da EB1 do Século. Ao lado, Maria Clara Mesquita, de 6 anos, ouviu a história da boca do pai. Está agora a aprender a ler, mas já se deixa levar nas viagens que os livros lhe proporcionam e "adorou" os desenhos (de Álvaro Pecegueiro).
"É um livro que conta a história do Natal de um menino e essa história é lida em duas camadas: para as crianças é conhecer a vida de há 100 anos atrás - as casas grandes, frias, todos juntos a comer na bacia -; depois, há uma segunda leitura para os pais, que encontram no livro referências que lhes são familiares da história da Póvoa", explica Ricardo Silva, acrescentando que, no final do livro, há um glossário explicativo onde, por exemplo, se conta a história das siglas, essas marcas usadas pelo pescador poveiro, com as quais se identificavam barcos e apetrechos de pesca.
"Um livro é um livro. Um chocolate eles têm em qualquer lado e come-se e acabou. Um livro é único e fica para sempre. E este é um bocadinho da nossa história", afirma Helena Moura, a coordenadora da EB1 do Século, satisfeita com a iniciativa.
Seja com o kit de jogos tradicionais poveiros distribuídos pelas escolas ou com visitas ao museu, aos estaleiros e aos faróis nas colónias de férias para a pequenada, a ideia, continua Ricardo Silva, é sempre a mesma: "ensinar aos mais pequenos as nossas tradições e a nossa forma de estar". Que, orgulhosos das suas raízes, levam para a vida "o ser poveiro".