Bruno Ferreira, militante do PSD, que está a cumprir o primeiro mandato como presidente do Município de Mondim de Basto, no distrito de Vila Real, vai apresentar uma moção no próximo Congresso do PSD que pretende romper com o passado de reivindicações das regiões que estão longe dos centros de decisão.
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Designações como "Interior" ou "Território de Baixa Densidade" devem ser alteradas porque "há uma tendência semântica, que tem vindo a ser acentuada, sobre a desvalorização do "Interior" e não raras vezes em caracterizar e representar este território com um retrato deprimente, de uma terra quase despovoada, com menor qualidade de vida, onde falta quase tudo e em permanência mão estendida ao Estado da Nação, para que lhe seja dado algum apoio ou subsídio para fazer face às tamanhas necessidades", defende.
O autarca deste município transmontano considera o actual discurso "pessimista e pouco ambicioso, divisionário entre "Interior" e "Litoral" e promotor de um ambiente de investimento público assente numa visão subsidiária, não tem contribuído para uma discussão séria e responsável sobre as assimetrias territoriais", já que, argumenta, "todos os territórios são detentores de recursos e de potencial próprio e torna-se necessária uma reflexão diferente, mais otimista e ambiciosa, sobre o verdadeiro Valor do "Interior" de Portugal".
Anos de reivindicações de maior coesão, justiça e sustentabilidade territorial tendo como comparação o litoral e indicadores de desenvolvimento social e económico como o investimento público, a existência de infraestruturas, a presença de serviços do estado ou a população residente "têm sido manifestamente insuficientes" e, por isso, Bruno Ferreira entende que "num mundo cada vez mais global, sem fronteiras, com a integração plena de Portugal na União Europeia e com a enorme evolução das Tecnologias de Informação e Comunicação não faz sentido medirmos o grau de interioridade de um território em função da sua distância física aos grandes centros de poder ou concentrações urbanas", exemplificando com pequenos territórios idênticos aos do interior que se situam no litoral mas que não têm esse estigma.
Na moção que será levada ao congresso social-democrata, estão plasmados os números que indicam que metade da população residente em Portugal está situada em 31 dos 308 municípios o que motiva a urgência de uma intervenção de fundo.
Este documento foi subscrito por mais de 50 militantes do partido, entre os quais autarcas de norte a sul do país, e tem a ambição de introduzir na discussão política uma nova terminologia, a "Transição Territorial". "O conceito de transição tem sido utilizado para abordagens que impliquem mudanças estruturais em determinadas áreas, como a energética, climática, digital, ecológica ou justa. Chegou a vez de assumirmos a coesão do território como uma prioridade nacional, através da criação e implementação da Transição Territorial que deverá rever e atualizar os indicadores de desenvolvimento dos territórios, criar um mecanismo de medição justa e dinâmica do valor e contributo económico e ecológico de cada território, definir Objetivos de Desenvolvimento Territorial, constar na lista de prioridades na definição de políticas públicas nacionais, em estreita colaboração com as entidades regionais e locais, e estar materializada num Plano de Ação com dotação própria proveniente do Orçamento do Estado".