A Câmara de Murça vai ajudar os agricultores que sofreram elevados prejuízos em consequência da chuva e granizo que caíram nos últimos dias e dizimaram culturas. O presidente, Artur Lopes, fala numa "situação dramática" e diz já ter solicitado ao Governo a concessão de alguns apoios. "As pessoas não podem sentir-se abandonadas", sustenta o autarca.
Corpo do artigo
Para já, o município vai ajudar com uma comparticipação na aplicação do cálcio nas vinhas danificadas pelas enxurradas que caíram na tarde de domingo e terça-feira.
No terreno, a avaliar os prejuízos na agricultura, estiveram esta quarta-feira os técnicos da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, mas também elementos da Agência Portuguesa do Ambiente a analisar o impacto do mau tempo.
A tromba de água, na tarde de terça-feira, veio piorar um cenário que já era desolador. Uma pequena ponte rodoviária, que fazia a ligação entre Ribeirinha, Palheiros e Ratiço desabou e esteve perto de acontecer uma tragédia.
A minha mulher apanhou um susto para toda a vida e não fosse um elemento da GNR a deitar-lhe a mão teria sido arrastada
"A minha mulher apanhou um susto para toda a vida e não fosse um elemento da GNR a deitar-lhe a mão teria sido arrastada", conta Manuel Veloso. "Ia a atravessar a ponte, que desabou no momento em que ela vinha em cima do tabuleiro", refere.
Na agricultura, as vinhas da zona da Sobreira, Candedo e Porrais ficaram muito danificadas devido ao granizo. "Começou a chover com muita força e vinha pedra misturada com a água. Nas vinhas, foi uma desgraça. 70 a 80% do que se produz perdeu-se", garante Jorge Trigo, de Porrais.
Os seguros agrícolas são muito caros e o Governo devia apoiar. Só ouvimos falar dos milhões do PRR, mas nós só precisamos de tostões e nem isso vem
"Bastaram pouco mais de dez minutos para alagar tudo. Na minha horta, nada se aproveita", lamenta Filipe Teixeira, de Valongo de Milhais.
E já há quem faça contas aos prejuízos. "Cinco mil euros não chegam", garante Manuel Veloso. "Trabalhamos aqui muitas horas e de repente vemos tudo ir embora sem poder fazer nada", afirma o agricultor que reclama maior atenção por parte das entidades.
"Os seguros agrícolas são muito caros e o Governo devia apoiar. Só ouvimos falar dos milhões do PRR, mas nós só precisamos de tostões e nem isso vem", lamenta.