Os autarcas da Área Metropolitana do Porto mostraram-se, esta sexta-feira, indisponíveis para manter os centros de vacinação contra a covid-19 nos pavilhões municipais. Afirmam-se exaustos e apelam à retoma da vacinação nos centros de saúde.
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"Fizemos um trabalho, globalmente, extraordinário. Foi-nos prometido um montante de comparticipação para o que tínhamos feito. O dinheiro não chegou e, se chegou, foram trocos", afirmou o presidente do Conselho Metropolitano do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues. O também autarca de Gaia diz ter-se recusado a ser "barriga de aluguer" para a administração da vacina da gripe.
"No que me diz respeito, não estou vocacionado para voltar a ser a barriga de aluguer de tudo isto. Andamos a mostrar o que fazemos e o que não fazemos. Mas chega o momento em que temos de reconhecer que estávamos perante uma emergência. Já tivemos tempo suficiente para fazer as devidas adaptações. Depois de tudo, nem um obrigado", lamentou o presidente da Câmara de Gaia.
"Não estou disponível para aparecer numa fotografia de jornal por causa de um centro de vacinação e à custa disso continuar a decapitar o orçamento municipal", concluiu Eduardo Vítor Rodrigues.
Os Municípios presentes acompanharam a posição do presidente do Conselho Metropolitano do Porto. "Não posso estar mais de acordo. Tivemos que escoar muito pessoal dos nossos serviços", respondeu Luís Diamantino, vice-presidente da Câmara da Póvoa de Varzim. "Hoje, e depois desta aprendizagem, chegou o momento de dizer basta", atirou José Pinheiro, autarca de Vale de Cambra.
Para Miguel Reis, autarca de Espinho, "as Autarquias não podem continuar a assumir esta responsabilidade, que é do Serviço Nacional de Saúde". Também a vice-presidente da Câmara de Valongo, Ana Maria Rodrigues, disse que o Município "desmontou, no mês passado, o centro de vacinação" e que a manutenção do espaço estava já a traduzir-se "numa verba demasiado elevada". "Não aceitamos mais e não temos possibilidade de passado um mês ou dois voltar a montar um centro de vacinação", reforçou.
"Julgo que os municípios abraçaram este problema de peito aberto, mas acho que já não o podem fazer desta forma", descreveu Luís Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara de Gondomar.
Perante o cenário exposto pelos vários municípios, Eduardo Vítor Rodrigues afirmou que dará "comunicação à Administração Regional de Saúde no sentido de oferecer disponibilidade em colaborar, desde que pressuponha no reforço das estruturas da Saúde, nomeadamente dos centros de saúde".
"Entendo a facilidade em centralizar toda a operação num sítio. Mas não é comportável continuar a ocupar espaços, como pavilhões que deixam de ser usados para os fins para os quais foram criados, para uma vacinação que pode agora ser planeada com cuidado, tempo, e ser feita nos centros de saúde, mesmo que precisem de ajustes", referiu. Aliás, acrescentou o autarca, o facto de os pavilhões estarem ocupados tem privado muitos jovens de praticarem desporto.