A Comunidade Intermunicipal (CIM) das Terras de Trás-os-Montes defende a revisão dos critérios para definição do risco de infeção por covid-19, face ao reflexo negativo que a forma de cálculo usada "está a ter nos territórios de baixa densidade populacional".
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Para os autarcas transmontanos o cálculo por município e com base no número de casos por cada 100 mil habitantes "compromete a leitura clara dos dados, criando confusões e alarme desnecessário nas populações".
Sustentam ainda que "os valores de referência utilizados conduzem a situações em que uma dezena de casos colocam estes concelhos em risco extremo de contágio, com todas as consequências negativas que daí advêm", acrescenta a CIM, presidida por Artur Nunes, autarca de Miranda do Douro.
Neste âmbito, os autarcas reivindicam que os cálculos sejam realizados com base territorial, e não por concelho, e que a avaliação do risco seja realizada tendo como referência o número de casos por CIM ou Áreas Metropolitana.
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Os presidentes dos nove municípios das Terras de Trás-os-Montes propõem a alteração da cálculo usada, com o objetivo de acautelar a incerteza do risco, relacionada com a dimensão da população de cada município. O Conselho Intermunicipal da CIM sustenta a sua posição nas conclusões do Centro de Recursos Naturais e Ambientais (CERENA), do Instituto Superior Técnico de Lisboa, responsável pelo desenvolvimento do modelo de mapas de risco diário que alerta para o facto de: "A análise dos valores de risco de infeção deve sempre ser complementada pela interpretação dos valores de incerteza. Um elevado risco de infeção, num município com uma pequena população, está sempre associado a uma elevada incerteza. Por esse motivo, o valor do risco nesse local tem uma relevância relativamente baixa", esclarecem.
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Atendendo a este princípio e ao facto de o nível de incerteza associado ao risco de contágio diminuir quanto maior for a densidade populacional, o Conselho Intermunicipal da CIM das Terras de Trás-os-Montes alerta para a necessidade de rever os critérios associados ao cálculo do risco de infeção.
Quando se aproxima a data prevista para o início da terceira fase de desconfinamento, os autarcas transmontanos temem que, caso esta pretensão não seja atendida, alguns concelhos possam vir a ser impedidos de entrar nesta nova etapa e consequentemente ver agravada a já débil situação económica e social existente.