Centenas de quilos de destroços decorrentes da demolição de mais de 50 casas abarracadas no bairro de lata do Talude Militar, em Loures, foram removidas este sábado por voluntários e técnicos da autarquia.
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O Movimento Vida Justa, que denuncia a precariedade vivida em bairros da Grande Lisboa, convocou a ação de limpeza e acusa a autarquia de se juntar apenas “por pressão da opinião pública, já que nada fez nas demolições de 25 casas em junho”, afirma Miguel Dores, dirigente deste movimento.
Perto das sete horas da manhã deste sábado, maquinaria pesada, como camiões com gruas, entrou no bairro do Talude Militar, juntando voluntários, moradores no bairro de lata e técnicos da Câmara Municipal de Loures para remover o entulho decorrente da demolição de 55 habitações que aconteceu na segunda e terça-feira. As habitações foram demolidas antes da suspensão das operações por ordem judicial, na sequência de uma providência cautelar interposta por moradores no Tribunal de Loures. Reclamam, num dos pontos, que a autarquia apenas deu um fim de semana, entre a tarde de sexta-feira e a manhã de segunda-feira, para saírem das casas.
A autarquia apontou, em comunicado veiculado na sexta-feira, que apenas 14 famílias aceitaram ajudas municipais após a demolição das casas precárias onde vivem e que houve famílias que encontraram abrigo em casa de amigos e familiares. Miguel Dores, dirigente do Movimento Vida Justa, explica que esta solução foi, “no geral, pernoitar em casa de vizinhos do Talude em habitações onde mal cabe uma família e que levaram a autarquia de Loures a aproveitar para extinguir a sua função de apoio social junto destas pessoas”. No caso de apoio ao arrendamento a moradores, com uma renda e uma caução, o Vida Justa diz que as casas propostas pela autarquia eram longe de Loures quando os moradores trabalham neste concelho.
O bairro de lata do Talude Militar tem crescido desde o início do ano em termos de habitação abarracada. Em março, a autarquia tinha identificado 40 casas deste género. Em junho e no espaço de três meses foram construídas mais 152 casas abarracadas.
Autarquia diz que muitas famílias desalojadas recusaram ajudas
A Câmara Municipal de Loures esclareceu na sexta-feira que, das 36 pessoas do Talude Militar que recorreram aos seus serviços sociais, só 14 aceitaram ajudas. De acordo com a autarquia, outras 14 pessoas indicaram ter encontrado alternativa habitacional junto de familiares ou amigos, um recusou o apoio disponibilizado e sete não manifestaram interesse nas soluções apresentadas. Dos 36 agregados atendidos pelos serviços de ação social da Câmara, 69 eram adultos e 46 eram menores.