“São mesmo muitos”. A frase sai de forma tão natural quanto espontânea por alguém que chega de repente à Praça Municipal de Braga e se depara com uma verdadeira multidão de crianças vestida com trajes romanos e grinaldas de flores, a dançar e atirar pétalas ao ar.
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O que ali se passa é a Florália, a recriação de um festival romano em honra à deusa Flora, que marcou esta quarta-feira o início da 21.ª edição da Braga Romana.
A cerimónia de abertura, que tem o expoente máximo quando são libertados milhares de flores, voltou a contar com crianças de diversos estabelecimentos escolares do concelho de Braga e abriu as cerca de 72 horas de programação que, até ao próximo domingo, permitirão mergulhar no passado e reviver os tempos de Bracara Augusta.
Assim que a cerimónia terminou, as crianças voltaram às respetivas escolas, acompanhados pelos professores, não deixando ninguém indiferente à passagem. Na zona da Sé, já com a pele de mercadora romana vestida, Cristina Sousa, responsável por uma banca onde há mel e hidromel, salienta o “colorido que as crianças dão” à Braga Romana.
“Participo nesta feira há 10 anos, embora no ano passado não tenha vindo. Tenho outra profissão, mas faço sempre questão de tentar vir. Há um ambiente muito especial, muita gente nas ruas, muitas crianças, a comunidade envolve-se realmente”, diz ao JN a responsável pela banca Crismel.
A opinião é corroborada por outra mercadora, Cristina Cavalheiro, já “veterana” no evento, onde marca presença há década e meia. “O ambiente que se vive durante estes dias é muito engraçado, é uma recriação muito bem feita”, elogia a responsável da Ginja Mariquinhas, de Óbidos.
A Braga Romana, aliás, foi um ponto-chave para a expansão do negócio. “A nossa presença cá enquadrou-se sempre na ideia de promoção fora da zona de conforto. Houve uma aceitação muito boa e, há cerca de três anos, abrimos uma loja no centro da cidade”, explica Cristina Cavalheiro.
Muito para ver até domingo
Para além da animação itinerante que invade as ruas do centro histórico de Braga, o evento vai espalhar-se por seis palcos (Praça Municipal, Rossio da Sé, Largo do Pópulo, Largo S. João do Souto, Largo de Santiago e Largo D. João Peculiar), nos quais estão previstas 159 atuações, às quais se juntam 163 atividades pedagógicas em diversos locais.
Neste primeiro dia, a partir das 22 horas, a Praça Municipal recebe o Rito Fundacional de Bracara Augusta. No mesmo local haverá, no fim de semana, o Batizado Romano (sábado, 16 horas), o Casamento Romano (domingo, 17 horas) e o Funeral Romano (domingo, 21.30 horas). O Circus Maximus vai voltar à arena instalada no Largo do Pópulo na sexta às 22.30 horas, sábado às 21.30 horas e domingo às 18.30 horas.
Na sexta-feira, pelas 21 horas, realiza-se o cortejo Bracara Augusta Triumphalis, que percorre as ruas da cidade, com início na Avenida Central e fim na Praça Municipal. Com cerca de 800 participantes, este evento conta com a participação do movimento associativo e escolar da cidade.
Aulas de língua latina, escrita cursiva e história, exposição de artes e ofícios, visitas e percursos encenados, teatros de marionetas, oficinas de construção de máscaras greco-romanas, oficinas de arqueologia experimental, encenações, oficinas de cerâmica e tesselas, oficina de danças, fábulas jogos romanos e workshops de instrumentos musicais são algumas das outras atividades do programa.
O evento conta com 13 áreas cenográficas, voltando a abrir espaço para um mercado romano, com 105 mercadores. A Braga Romana integra 36 entidades do movimento associativo e escolar e 38 agentes artísticos, 11 deles de Braga, na área da música, dança, teatro e artes performativas.