Aumento da segurança para quem anda a pé e criação de ciclovia apontadas como principais vantagens. Automobilistas temem ainda mais filas com o fim das férias.
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A requalificação que a Câmara de Braga concluiu recentemente na Avenida da Liberdade, no centro da cidade, é vista com bons olhos por quem circula a pé ou de bicicleta, mas merece críticas dos automobilistas, que temem mais engarrafamentos do que acontecia antes. O presidente da autarquia, Ricardo Rio, garante que a obra “não foi feita para melhorar o trânsito” e que o grande objetivo é criar alternativas ao “uso excessivo” do carro.
Realizada ao longo de 850 metros, entre o cruzamento com a Rua do Raio e a rotunda de São João da Ponte, a intervenção permitiu alargar os passeios e criar um percurso ciclável delimitado, redimensionando as vias rodoviárias. “Para quem anda a pé, está muito melhor, os passeios ficaram mais largos e há mais segurança”, diz António Machado, bracarense que o JN encontra durante um percurso na Avenida da Liberdade, onde “raramente” passa de carro.
Prós e contras
As “alterações drásticas” a nível de segurança são enfatizadas por Mário Meireles, utilizador frequente de bicicleta. “É quase um exemplo do que deve ser feito noutros locais da cidade para podermos ter realmente uma rede ciclável”, considera o também presidente da associação Braga Ciclável, para quem, no caso da Avenida da Liberdade, “ficou a faltar uma via bus para tornar o transporte público mais eficiente”. Mário Meireles destaca também o aumento de passadeiras para peões, que subiram de três para oito. “Isso permitiu acalmar a avenida e baixar a velocidade, reduzindo o medo de quem anda a pé ou de bicicleta”, afirma.
Já José Maria, outro bracarense ouvido pelo JN, assegura que a experiência enquanto peão e enquanto condutor é muito diferente. “Para andar a pé é melhor agora, mas em termos de trânsito não melhorou. De carro para-se muito, principalmente por causa dos semáforos”, explica. Essa é uma crítica repetida por outros automobilistas. “O problema não é agora, vai ser quando acabarem as férias e começarem as aulas”, diz Nuno Azevedo.
Desde 1981 dona de um quiosque naquela avenida, Clarinda Bonjardim lamenta que os clientes não tenham um lugar para parar. “A ciclovia passa aqui em frente e não há nenhum sítio de estacionamento nem de cargas e descargas. O senhor das entregas tem de parar a carrinha na estrada”, lamenta o bracarense. Clarinda garante que, desde que começaram as obras, o negócio “baixou bastante” e que só os clientes habituais se mantêm.
Ao JN, o presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, defende que esta foi uma intervenção “estruturante”, que permitiu “adaptar a Avenida da Liberdade aos novos tempos”. “Queremos ter soluções de mobilidade que permitam reduzir o número de carros que circulam na cidade, sobretudo em distâncias curtas”, conclui o autarca.