Cerca de 40 pessoas tiveram que ser retiradas por precaução das suas casas, na noite de quarta-feira, devido ao incêndio "de dimensões gigantescas" que lavra na zona de Cachopo, Tavira, e que os bombeiros ainda não conseguiram controlar.
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O combate ao incêndio que lavra há 24 horas em Cachopo, Tavira, vai ser intensificado, esta quinta-feira, com a chegada de um avião espanhol e mais três grupos de reforço, de Beja, Évora e Setúbal, disse à agência Lusa fonte oficial.
Segundo a mesma fonte, o incêndio progride com grande intensidade, aproximando-se da aldeia de Cachopo, onde existe um posto de combustível, uma situação de "risco acrescido", mas que está, por enquanto, controlada.
Segundo o comandante operacional distrital, Abel Gomes, o fogo continua a lavrar em quatro frentes, duas com grande intensidade, e mobilizava, às 13.00 horas, um total de 416 operacionais, 361 dos quais bombeiros, com o apoio de 115 veículos.
No combate às chamas estão ainda quatro aviões bombardeiros portugueses e três helicópteros, aguardando-se a chegada de mais um avião, vindo de Espanha. "Não está nada fácil dominar as chamas, mesmo com os meios aéreos, que ajudam ao combate mas não extinguem os incêndios", desabafou Abel Gomes, no posto de comando montado em Cachopo.
A Estrada Nacional (EN) 124 mantém-se cortada entre a Feiteira e Cachopo, por motivos de segurança.
Devido ao incêndio, as autoridades declararam estado especial de alerta, que passou para nível laranja, no distrito de Faro.
O presidente da Câmara de Tavira foi aconselhado a decretar a situação de alerta para o município, de forma a reunir a comissão de Proteção Civil, que deverá ponderar a implementação do plano municipal de emergência.
42 pessoas evacuadas durante a noite
Segundo disse à Lusa o comandante distrital operacional, Abel Gomes, 42 pessoas foram retiradas das suas casas durante a noite de quarta-feira - 28 tiveram auxílio das equipas de socorro e 14 conseguiram abandonar as habitações por meios próprios.
Aquele responsável, que falava à Lusa no posto de comando montado em Cachopo, sublinhou que até agora os bombeiros têm conseguido evitar a destruição de casas pelo fogo, e que a retirada de habitantes é uma medida de precaução.
"O fogo continua a propagar-se e avizinha-se tarde difícil", refere, adiantando que o incêndio continua com quatro frentes ativas e reativações "muito violentas", que têm dificultado muito o trabalho no terreno.
"Fogo com dimensões gigantescas"
De acordo com o presidente da Câmara de Tavira, Jorge Botelho, foram destacadas equipas de ação social com psicólogos para o terreno, no sentido de tentar acalmar as populações.
"Temos tido a colaboração da Proteção Civil, que anda no terreno a identifcar pontos de perigo e a GNR, que na noite de ontem esteve na primeira linha atirar pessoas das casas", observa.
Segundo o autarca, a principal preocupação é defender vidas, bens pessoais, e casas, porque, apesar de a serra de Tavira ser vasta, há dispersos "aglomerados urbanos de algum significado".
"Os homens têm feito esse trabalho muito bem, porque até agora não ardeu nenhuma casa, apesar de o fogo ter passado pelo meio de aldeias, como a Catraia [onde deflagrou o incêndio]", sublinha.
Quanto aos danos causados pelo fogo, o autarca refere que são "muito elevados", embora o levantamento só possa ser feito quando o incêndio for debelado.
"O perímetro é ennorme e tem vindo a aumentar, são muitos hectares, estamos na presença de um fogo com dimensões gigantescas", conclui.
O incêndio deflagrou cerca das 14.00 horas de quarta-feira, em Catraia, na freguesia serrana de Cachopo.