Identificados novos focos de infeção em Gaia e na Feira. Vários concelhos afetados. Falta colaboração dos proprietários.
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Não pára de alastrar a infeção pela xylella fastidiosa, bactéria que ataca as plantas. Há mais quatro focos em Gaia e na Feira e as autoridades admitem "dificuldades" em conter a propagação desta praga e obter a colaboração dos proprietários das plantas. Três anos após a bactéria ter sido detetada num zoo de Gaia, foram tomadas várias medidas no sentido de eliminá-la, mas sem sucesso. Os focos de infeção têm vindo a surgir em diferentes locais, sem que as zonas de contenção definidas tenham conseguido travar, até ao momento, a propagação.
A mais recente atualização, já publicada em Diário de República, inclui quatro novos locais de infeção nos concelhos de Vila Nova de Gaia e Santa Maria da Feira. Além destes dois concelhos, a designada Zona Demarcada na Área Metropolitana do Porto abrange, segundo a mesma publicação da responsabilidade da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), os concelhos de Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos e Porto.
A bactéria xylella fastidiosa é propagada por insetos vetores (vulgarmente designada cigarrinha-da-espuma) que, ao alimentarem-se de plantas infetadas, propagam a bactéria para as plantas sãs. Uma vez que não há cura, as plantas infetadas têm de ser destruídas. E as medidas de contenção incluem a proibição de venda de plantas e do seu transporte para fora das zonas-tampão.
"Uma das grandes dificuldades de conter a bactéria é a existência destes insetos vetores por toda a área demarcada e a enorme dificuldade de controlar a sua população", explicou, ao JN, fonte da DGAV. Apesar do esforço que tem sido feito na divulgação generalizada sobre as normas de controlo e do apoio que os municípios e as entidades policiais têm dado, a mesma entidade destaca que, em ambiente urbano, existem "algumas dificuldades de identificação dos proprietários das plantas alvo de intervenção [têm de ser notificados] e também no que respeita à sua colaboração, o que atrasa por vezes a intervenção".
A posição dos proprietários é explicada pelo facto de, nas zonas afetadas, serem tomadas as medidas mais exigentes, que passam pela destruição das plantas hospedeiras, estejam elas infetadas ou não, numa área de 50 metros.
Detetada em 2019 num zoo em Gaia
A bactéria, que não tem risco para as pessoas, foi detetada no início de 2019, no Zoo de Santo Inácio, em Gaia, tendo sido tomadas medidas, designadamente a criação de um perímetro de segurança que incluía vários concelhos, para tentar evitar a propagação. Em agosto desse ano, a Autarquia contabilizava 32 focos de infeção em Gaia. No Porto, foram colocados painéis de avisos em zonas como a Areosa.
Detalhes
Espécies afetadas
Oliveira, amendoeira, cerejeira, citrinos, videira, sobreiros e diversas plantas ornamentais como as lavandas, rosmaninho, loendros e polígalas estão entre as centenas de espécies afetadas. A presença da bactéria foi confirmada pela primeira vez na Europa em 2013, em Itália.
Medidas
Proibição de plantação nas zonas infetadas dos vegetais suscetíveis à bactéria; proibição do movimento para fora da zona demarcada e das zonas infetadas para as zonas-tampão de qualquer vegetal, destinado a plantação; proibição de venda, na zona demarcada, em feiras e mercados, de qualquer vegetal, destinado a plantação, suscetível à bactéria.