Empreitada de manutenção da fachada do bloco J do bairro de S. Tomé, no Porto, continua parada para desespero dos moradores. Desbloqueio poderá estar para breve.
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Os moradores do bloco J do Bairro de S. Tomé, no Porto, estão a desesperar porque a obra de manutenção da fachada não ata nem desata. Dizem que os andaimes instalados em duas das cinco entradas que ainda estão por reabilitar já lá estão há nove meses sem que haja o mínimo sinal de avanço dos trabalhos, e que a administração do condomínio justifica a paragem com a falta de pagamento do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU). A julgar pelas respostas das duas entidades ao JN, a solução poderá estar para breve.
José Cardoso vive na entrada 167, ainda sem andaimes, mas já pagou a sua quota-parte do valor da obra. Foram mais de três mil euros, metade liquidada em 2014 e o restante em 2017, ano em que a obra começou, com a reparação da cobertura. Afirma ao JN que "praticamente está tudo pago", da parte dos proprietários privados.
A gestão do condomínio está a cargo da Nós Administramos, que, segundo José Cardoso, aponta o dedo àquela entidade estatal. "Dizem que a culpa é do IHRU, que não desbloqueia a verba correspondente para a conclusão da obra, sempre com a mesma desculpa que Lisboa não transfere os valores", afirma o morador.
O JN tentou confirmar junto das duas entidades uma série de dados, nomeadamente quantos apartamentos do IHRU estão em causa, em termos de pagamento do correspondente valor da obra, e que motivos levaram o instituto a bloquear as verbas. No entanto, essas questões ficaram sem resposta.
Pedido avança esta semana
A empresa Nós Administramos não respondeu alegando tratar-se de "informações confidenciais". Apenas referiu que durante esta semana "será solicitado o pedido de licença à Câmara Municipal do Porto para o recomeço das obras em questão".
O IHRU, que detém 66 das 118 frações autónomas do bloco J, referiu-nos, que relativamente à empreitada de reabilitação da cobertura, "já procedeu ao pagamento integral" da parte que lhe cabia. Quanto à obra atual, afirmou que "atualizou o valor em pagamento, face ao pedido formulado inicialmente, tendo procedido ao respetivo pagamento de forma agregada". Por fim, o IHRU adiantou que "aguarda a marcação da próxima reunião de obra, em articulação com a administração de condomínio, para aferir o estado de execução da mesma e proceder ao correspondente pagamento".
"Qualquer dia, as pessoas pegam numa serra e desmontam isto tudo", afirmou ao JN João Gonçalves, que é inquilino do IHRU, aludindo aos andaimes que há meses estão a tapar uma série de apartamentos e causam insegurança aos moradores. Disso mesmo nos deu conta Paula Guedes, filha de uma inquilina da entrada 231: "Eu não estaria segura dentro de casa porque o andaime é como se fosse uma escada, um acesso fácil a todas as habitações".
A saber
Queixas antigas
Já em novembro de 2017 os moradores se queixaram do mesmo problema. A obra parou depois de a cobertura ter sido arranjada e de ter sido reabilitada uma parte da fachada.
IHRU negou
Também nessa altura, o condomínio alegou falta de liquidez da parte do IHRU. O instituto rejeitou a acusação, dizendo que "sempre honrou os seus compromissos relativamente às empreitadas" em causa: cobertura e fachada.