É o maior da Península Ibérica e um dos maiores da Europa e do Império Romano. A entrada é gratuita.
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Os romanos sabiam-na toda. Não só eram exímios construtores de pontes, acessos e outras estruturas, como sabiam tirar o melhor partido do que a natureza lhes dava. Quando ocuparam Chaves, usaram a água que brotava a 70 graus Celsius para curar ou atenuar maleitas e feridas de guerra. Quase 2000 anos depois abre ao público o museu que mostra o balneário onde promoviam a mente sã em corpo são.
Caminhando pelo corredor superior do Museu das Termas Romanas, que serve de miradouro sobre os tanques onde outrora se banharam as gentes daquela época, o arqueólogo municipal, Rui Lopes, fala entusiasmado do que ali se mostra: "O maior balneário terapêutico preservado da Península Ibérica. Um dos maiores da Europa e do Império Romano".
Museu Vivo
O bom estado de conservação foi uma obra do acaso. Conta-se que, no século IV, um terramoto causou grande destruição pelas bandas de Aquae Flaviae (Chaves). Ao ruir, o edifício criou uma espécie de cápsula que protegeu os principais tanques do balneário, a tal ponto que de poucas obras de restauro necessitaram, para além de o sistema hidráulico de fornecimento de água nunca ter deixado de funcionar.
Por isso é que Rui Lopes assegura que "não estamos em presença de uma ruína". É mais "um museu vivo". E se houvesse vontade de encher os tanques para proporcionar banhos a quem deles precisasse, tal como era uso há 2000 anos, tal "seria perfeitamente possível".
Nem a temperatura de 70 graus Celsius a que a água brota do solo seria problema. Os tanques foram construídos de tal forma que permitem "arrefecê-la naturalmente". De acordo com o arqueólogo, "as piscinas têm uma dimensão que foi pensada em função da água existente", logo, "ao encherem-se a temperatura desce para os 40 graus", o que permite "tomar banho de forma segura e saudável".
Condensação prejudicial
Quem até 2005 passou e repassou no Largo do Arrabalde, no centro da cidade de Chaves, estava longe de imaginar que uns metros abaixo dos pés estivesse esta relíquia. E só foi descoberta porque a Câmara de então projetou para ali um parque de estacionamento subterrâneo. As prospeções arqueológicas permitiram identificar o valioso património que ali estava soterrado e o parque ficou-se pelo papel.
Com o Museu das Termas Romanas já em construção foi detetado um problema de condensação, devido à temperatura da água. Do teto passou a desprender-se uma gota a gota constante que iria ser prejudicial para o achado. Foi preciso chamar o Laboratório Nacional de Engenharia Civil para avaliar a contrariedade e ajudar a resolvê-la.
Curiosamente, "a causa foi a solução", diz o presidente da Câmara de Chaves, Nuno Vaz. Passa pelo aquecimento do edifício para o manter a uma temperatura fora do ponto de condensação. A ventilação natural, através de portas obturadoras e saídas de ar na cobertura, ajuda a manter o equilíbrio.