Campanha de recolha que se realiza neste fim de semana em muitos supermercados procura superar as 328 toneladas obtidas no ano passado.
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Há cada vez mais pessoas sem dinheiro para comprar comida na Região Norte. O Banco Alimentar Contra a Fome do Porto já apoia cerca de 48 mil pessoas, através das 300 instituições de solidariedade que recebem os produtos para posterior distribuição. Entre hoje e amanhã, realizar-se-á a primeira de duas campanhas de recolha de alimentos anuais, na qual o objetivo é superar as 328 toneladas angariadas no ano transato.
A presidente do Banco Alimentar do Porto, Bárbara Barros, admite que cada vez há mais "pedidos envergonhados de famílias que nunca na vida acharam que iam precisar de ajuda". "O número de pessoas a pedir ajuda esteve estabilizado a certa altura, mas, entre covid, guerras e os problemas de habitação, voltou a aumentar exponencialmente", explicou.
Ainda assim, Bárbara Barros orgulha-se de ter "triplicado o cabaz" fornecido a quem necessita, graças ao elevado número de doações.
À chegada à sede da organização, nas vésperas de mais uma campanha, sente-se a "calma antes da tempestade". O que nestes dois dias será o ponto de distribuição de centenas de toneladas de alimentos e onde cerca de 1500 voluntários vão trabalhar está em fase de preparação que, apesar de frenética, não representa a azáfama que aí vem.
Operação robusta
A magnitude da operação exige um nível organizacional similar ao de uma empresa e, além das entidades que contribuem com bens alimentares, ou mesmo combustível para fazer o transporte, há quem ajude com experiência no ramo para garantir que o processo é o mais funcional possível.
Distribuídos por mais de 350 supermercados, milhares de voluntários vão recolher bens alimentares não perecíveis, como leite, conservas, azeite, arroz, farinha, leguminosas, açúcar, bolachas ou massas, que seguirão para a sede, de modo a que a operação siga o seu curso.
Mas como explicar o impressionante número de pessoas que abdicam das suas horas livres para ajudar quem mais precisa? Bárbara Barros responde.
"Dar faz bem ao coração. O que eu recebo é chegar a casa à noite e dormir com o coração cheio de alegria. Sinto que estamos a combater as injustiças de um Mundo que devia ser igual para todos, mas não é. Hoje são outros, amanhã podemos ser nós", assinalou.
E, se quem pretende ajudar não tem possibilidade de se deslocar aos supermercados, também há solução para esse problema.
Além da modalidade "Ajuda Vale", ativa até 8 de junho, na qual estes vales têm um código de barras associado aos produtos que serão doados ao Banco Alimentar, é possível selecionar o que pretende doar e a quantidade através do site www.alimentestaideia.pt.
Voluntário
"A certa altura decidi que devia contribuir"
Os voluntários são fundamentais para a operação, tanto na recolha de bens como na logística do armazém. E se muitos são novos nestas andanças e ainda estão a descobrir a melhor forma de ajudar, há também veteranos. É o caso de Pedro Ferreira, de 66 anos, que faz voluntariado há 19. "A desigualdade é uma coisa que me incomoda. A certa altura decidi que devia contribuir para a sociedade para combater esse fenómeno", explicou um dos responsáveis pelo departamento de informática do Banco Alimentar do Porto. Pedro apelou a que as pessoas "vejam com os próprios olhos" a operação, para perceberem qual a importância e o destino das doações.
Detalhes
Escala nacional
A iniciativa do Banco Alimentar Contra a Fome realiza-se à escala nacional, sendo que em 2024 foram angariadas e distribuídas 27,8 mil toneladas de alimentos durante o ano através das 21 filiais da instituição de solidariedade. A operação alarga-se a mais de dosi mil espaços comerciais.
Mais novos ajudam
Na manhã deste domingo, entre as 10 e as 13 horas, crianças dos 6 aos 14 anos poderão colaborar com a causa participando nas atividades de armazém, em Perafita (Matosinhos), numa iniciativa intitulada "Manhã da Criança".
