<p>Dois operários da construção civil barricaram-se nos escritórios do empreiteiro que lhes terá dado trabalho em Espanha, mas que até agora, oficialmente, não lhes pagou um tostão.</p>
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A alegada ocupação começou, ontem, ao início da tarde, nos escritórios da Borawork Construções SA, em Vila Meã, Amarante, e, à hora do fecho desta edição, ainda se mantinha.
Sem dinheiro no bolso e fartos das sucessivas fugas do patrão, os dois homens assentaram arraiais na empresa, aproveitando a saída da empregada de escritório para almoço. "Não arredamos pé enquanto não nos derem o que é nosso", garantia Paulo Novais, 36 anos, residente em Valongo. Ao lado o outro companheiro de luta, Carlos Moreira, 30 anos residente em S. Mamede de Recesinhos, Penafiel.
Garantem ambos que trabalharam para a Borawork, em Valladolid, Espanha, e não receberam um tostão. "Não sabemos se fizemos descontos porque não recebemos nenhum. Até o subsídio de alimentação nos tirou. Se queríamos comer tínhamos de pagar do nosso bolso", contaram.
Ambos dizem-se pais com filhos menores para criar, sem trabalho e sem subsídios de qualquer espécie. Mais tarde, os homens acrescentaram ao JN que falaram com o patrão (Abílio Miranda) por telefone: "Ele disse-nos que não podia pagar, não tem dinheiro, e como tal não vem para aqui falar connosco", revelou, Paulo Novais.
Contactado pelo JN, o empreiteiro negou saber da invasão: "Os escritórios estavam fechados de tarde. Se é assim, vou falar com o meu filho para avisar a GNR para os intimar e apresentar uma queixa-crime", garantiu Abílio Miranda. O empresário, depois de explicar que a Borawork está no nome do filho, garantiu não haver ordenados em atraso, "apenas atrasos pontuais" e que os alegados invasores "foram despedidos há 15 dias por serem bons funcionários", acrescentou, em tom irónico, Abílio Miranda.