Barroselas e Carvoeiro. “Com o veto, a desagregação de freguesias é um processo morto”
Rui Sousa, presidente da União de Freguesias de Barroselas e Carvoeiro, em Viana do Castelo, que estava incluída no lote das 135 freguesias validadas para desagregação, considera que agora "o processo está morto", face ao veto do presidente da República.
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O autarca do PS, que foi eleito quando a agregação das duas freguesias já estava em curso, afirma que a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa de vetar o diploma apanhou "todos de surpresa", numa altura em que a separação era dada como certa. E considera que esta inviabiliza a concretização do processo em tempo útil.
"Parece-me que o processo morreu aqui. Naturalmente que a Assembleia da República tem agora um papel muito importante e os partidos, sobretudo aqueles que votaram favoravelmente à desagregação, terão aqui um papel muito importante para trabalhar esta nova situação", declarou Rui Sousa, lembrando que um dos argumentos do chefe de Estado para vetar o diploma foi que "o tempo era muito diminuto [para a implementação] até ao ato eleitoral".
"Parece-me que será difícil"
"Segundo o que sei, embora ainda não tivéssemos qualquer informação por parte da Assembleia da República ou do Governo, todo o processo incumbia uma série de assembleias de freguesia extraordinárias e a criação de comissões para haver esta desagregação. O tempo começa a escassear e, enfim, parece-me que será difícil", disse, sublinhando que, no seu entender, "começa a não haver tempo para haver a desagregação neste futuro próximo".
O autarca socialista discordou da agregação de Barroselas e Carvoeiro, mas defendia agora que, passada mais de uma década, "não fazia sentido" reverter o processo. Como o situação deu sempre azo a controvérsia no seio da população, avançou com um referendo local, realizado em agosto de 2022, sobre a continuidade da união de freguesias. Na altura, o sim venceu, mas o resultado não foi superior a 50% e por isso não foi vinculativo.
Os habitantes, afirma o autarca local, já davam como certa a separação.
"As pessoas já tinham assumido no seu pensamento que a desagregação era uma certeza e, muito honestamente, pessoalmente eu entendi também que era uma certeza. Sabíamos que o processo tinha de passar pelo senhor presidente da República e que havia sempre uma possibilidade, pensava eu que muito remota, do veto, mas na verdade apanhou-nos a todos completamente de surpresa", declarou, considerando que, "para muita gente, será um balde de água fria".
"Uma pequena desilusão"
Francisco Faria, habitante de Carvoeiro, comentou, esta manhã, que sentiu "uma pequena desilusão" quando ouviu a notícia do veto: "Já se sentia no povo que caminhávamos novamente para cada um seguir o seu destino, com freguesias distintas como éramos antigamente." Ao lado, o seu parceiro de conversa matinal, no centro da freguesia de Barroselas, Francisco Campos, considerou que Marcelo Rebelo de Sousa tomou a decisão sem conhecimento de causa.
"Não sou daqui, mas já há muito que ouço que a maior parte das pessoas não estava de acordo com Barroselas e Carvoeiro juntas. O presidente da República devia estar bem dentro do assunto primeiro e depois então decidir. Não quer dizer que noutro lado não esteja bem, mas aqui não está. Acho que foi uma má decisão", assinalou.