O Bloco de Esquerda vai propor, na reunião da Assembleia Municipal do Porto de quinta-feira, a suspensão imediata da obra na Arrábida e que a Câmara reivindique "os terrenos que são seus". Por sua vez, a CDU critica o "ruído" das forças políticas que tentam "denegrir" a comissão de inquérito.
Corpo do artigo
10340216
Em declarações ao JN esta quarta-feira, o deputado municipal Pedro Lourenço comentou o relatório final da comissão de inquérito às construções da Arcada, notando que o documento aprovado na terça-feira, que diz não haver qualquer ilegalidade naquele projeto urbanístico, "é feito à medida de Rui Moreira e do seu Executivo".
10343062
"É evidente a intenção da maioria de impor um relatório que ignora de forma grosseira todas as responsabilidades que vão para além dos executivos de Nuno Cardoso e de Rui Rio", afirma o deputado bloquista.
Pedro Lourenço compara a situação ao "milagre das rosas", afirmando que os independentes conseguiram transformar "toneladas de informação que apontam irregularidades, incluindo dos vereadores Rui Loza e Pedro Baganha", num "relatório que iliba de tudo" o Executivo de Rui Moreira.
10342698
Insistindo na denúncia de um "crime urbanístico", Pedro Lourenço vai apresentar na Assembleia Municipal uma recomendação para que a Câmara promova de forma "urgente" a "suspensão da obra", reclame os terrenos que "são seus por todas as vias necessárias" e avance com o inventário do património municipal" para evitar casos semelhantes.
Por sua vez, Rui Sá, deputado municipal comunista que aprovou o relatório final com os independentes e o PAN, começa por recordar ao JN que "a CDU participou ativamente nos trabalhos da comissão eventual, sem opiniões preconcebidas e procurando, apenas, a verdade sobre as questões que a esta comissão foram determinadas pelo voto quase unânime da Assembleia Municipal". E "fê-lo, também, cumprindo escrupulosamente a regra voluntariamente assumida por todos os elementos da comissão no sentido de manterem sigilo sobre os trabalhos da mesma".
"Este comportamento da CDU é indissociável da tranquilidade que lhe dá o facto de, em todo o processo, não ter qualquer responsabilidade em nenhum dos seus atos, antes pelo contrário, ter sido a força política que, ao longo destas quase duas décadas, ter assumido posições coerentes e a vanguarda da denúncia dos aspetos mais negativos de que teve conhecimento", prossegue Rui Sá.
"Assistimos, agora, e como seria de esperar, a uma tentativa, por parte das forças políticas (PSD e PS) que mais responsabilidades, executivas e políticas, tiveram ao longo do processo da Arrábida, de lançar ruído sobre o relatório, procurando, desse modo, denegrir as suas conclusões que são, indubitavelmente, baseadas nos factos apurados", critica depois o deputado comunista.
"Aliás, o próprio abandono da comissão por parte dos representantes destas forças políticas, inseriu-se num plano traçado desde a constituição da comissão, com o objetivo de tentar denegrir e condicionar os seus trabalhos e conclusões. A CDU, com a mesma serenidade com que participou, de forma ativa, nos trabalhos da comissão, considera que o respetivo relatório, pela sua factualidade e equilíbrio das conclusões e recomendações, fala por si", acrescenta o eleito da CDU.