A demolição da Casa da Consulta, na Foz do Douro, no Porto, gerou contestação esta segunda-feira. Os deputados municipais do Porto do Bloco de Esquerda questionaram a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) que, por sua vez, garante que esta "não é a Casa dos Pilotos do Douro" e que "não temreconhecido interesse patrimonial".
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O Bloco de Esquerda, considerando que persistem "sérias dúvidas sobre os motivos que fundamentaram esta demolição", perguntou à APDL qual o "fundamento" desta decisão, questionando ainda se a Direção Regional de Cultura Norte (DRCN) e a Câmara do Porto se pronunciaram e se sim, qual foi o seu parecer.
A APDL explicou ao JN que a infraestrutura que foi objeto de demolição esta segunda-feira, "a chamada Casa da Consulta não é a Casa dos Pilotos do Douro". "Esta situava-se do lado oposto da rua e foi vendida há vários anos pela APDL", esclarece a autoridade portuária.
"A construção precária que tem uma inscrição dizendo 'Pilotos' não tem qualquer funcionalidade nem reconhecido interesse patrimonial, constituindo um perigo para a saúde pública face ao uso indevido que lhe estava a ser conferido. Por trás desta construção precária esconde-se um Marégrafo que constitui um verdadeiro marco histórico do património da Foz do Douro que, aliás, dá o nome ao local - Cais do Marégrafo", clarificou a APDL.
A par disso, acrescenta aquela entidade, "todos os serviços que operavam na Casa da Consulta, designadamente balões de sinalização diurna e um quadro elétrico com os comandos da sinalização luminosa para o período noturno, foram já descentralizados para outros equipamentos capazes de responder eficazmente atendendo à incapacidade de resposta da infraestrutura demolida, desde há muito tempo identificada", mantendo-se "todas as valências relativas à segurança da navegação e ao apoio à atividade piscatória".
Ainda de acordo com a APDL, "esta intervenção estava já prevista no processo de requalificação de toda a área do pontal da Cantareira, tendo merecido a aprovação de todas as entidades competentes", tais como a Capitania do Porto do Douro e da Direção Regional de Cultura do Norte, "que considerou que esta intervenção valorizará o património da zona envolvente - Capela - Farol de São Miguel o Anjo e Marégrafo - e aumentará as condições de segurança para a população".
Marégrafo é "verdadeiro marco histórico"
A APDL salienta que "por trás desta construção precária esconde-se um Marégrafo que constitui um verdadeiro marco histórico do património da Foz do Douro que, aliás, dá o nome ao local - Cais do Marégrafo".
"O Marégrafo é um instrumento científico que permite registar a variação da maré ao longo do tempo cujos resultados serviram para se determinar o nível médio das águas do mar e a elaboração das primeiras tabelas de maré. É um dos poucos marégrafos que para além de registar a maré em papel, possibilitava visualização da mesma através da escala existente no exterior", conclui.