Famílias presentes no Caramulo aproveitaram o projeto do JN, DN e TSF, em parceria com a Tabaqueira, para ensinar aos mais novos a importância e urgência de cuidar do Planeta.
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Rita Torres, oito anos, participou ontem com a família na iniciativa de plogging “A floresta não é um cinzeiro!”, promovida pelo JN, DN e TSF, com o apoio da Tabaqueira, e ao fim de uma hora a apanhar beatas no Caramulo, em Tondela, já tinha a lição bem aprendida: “As beatas fazem mal ao ambiente e não devem ser atiradas para o chão”. Ao lado, a irmã Inês, de 13 anos, acrescentou que essa falta de cuidado “não faz sentido”, sendo os caixotes do lixo e cinzeiros os locais apropriados para depositar estes resíduos.
A ideia de participarem foi dos pais, que viram na iniciativa uma oportunidade para ensinarem as filhas a cuidarem do ambiente. “Quisemos ensinar às crianças a sensibilidade que temos de ter com o Planeta, porque isso influencia o ambiente e o nosso bem-estar”, explicou a mãe, Sofia Antunes, que reside em Lisboa com a família mas é natural do Caramulo. “Se queremos que o Caramulo seja um ponto turístico, temos de criar condições para que seja agradável de se visitar e isso passa também por ter uma serra limpa”, acrescentou.
Também Ângela Ferreira, residente no Caramulo, viu na iniciativa mais uma lição de cidadania para a filha Carolina, de seis anos. “Tento servir de modelo. Às vezes, nos nossos passeios diários pela vila, encontramos beatas e outro tipo de lixo e também vou recolhendo, para ela perceber que este é um papel de todos”, contou.
Quem assistiu ficou sensibilizado. Adelaide Rodrigues, por exemplo, ficou a ver passar os voluntários e não deixou de comentar que o gesto é “bonito” e é uma “pena que outras pessoas não façam o mesmo”. O seu marido fuma, mas “tem um cinzeiro junto ao portão” da casa para colocar as beatas, assegurou.
A iniciativa de plogging atraiu até pessoas de outros concelhos. David Correia, de Anadia, foi com um colega para ajudar a limpar um local que costuma visitar em lazer e pelo qual ganhou afeto. “Muitas vezes as pessoas não têm as melhores ações perante o ambiente e todos nós devemos contribuir, mesmo que seja apenas um pequeno contributo, porque se nos unirmos faz toda a diferença para termos um ambiente melhor”, disse David Correia, que trabalha na área da gestão ambiental, enquanto recolhia beatas no Parque do Sameiro.
No final, a presidente da Câmara de Tondela, Carla Borges, olhou para o amontoado de beatas depositadas junto ao Museu do Caramulo e não escondeu a surpresa. “Às vezes não temos noção do impacto que um pequeno gesto tem na natureza. As beatas não são biodegradáveis”.
“As nossas ações têm impacto no ambiente”
Que importância tem este projeto?
É um alerta muito importante para todos percebermos que as nossas ações diárias têm impacto no ambiente.
Que outros projetos estão em curso, no sentido de preservar e promover a serra do Caramulo?
Há um conjunto de iniciativas relacionadas com a valorização da fauna e da flora, com a dinamização do centro interpretativo da serra do Caramulo, onde se podem conhecer melhor as espécies características. O conjunto de caminhos e percursos pedestres permite que as pessoas possam desfrutar da natureza e, de uma forma próxima, conhecer e valorizar o que a serra tem do ponto de vista ambiental. Também há um conjunto de iniciativas de preservação e defesa contra os incêndios, como a reflorestação e apadrinhamento de algumas áreas. Temos de ter cuidado com aspetos ambientais e também com o património edificado, nomeadamente o que decorre da estância senatorial.
Que papel pode desempenhar a serra no desenvolvimento dos concelhos?
É uma montanha mágica, como nós habitualmente dizemos. E essa magia faz com que quem nos visita tenha experiências únicas, pelas suas características, a natureza, a gastronomia...…