Foi dado mais um passo para converter Maria Vieira da Silva, uma jovem açoriana que morreu aos 13 anos e que desperta muita devoção, em santa.
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A Diocese de Angra, nos Açores, concluiu a fase diocesana do seu primeiro processo, com vista à beatificação da jovem.
Maria Vieira da Silva era natural da paróquia de São Sebastião, na Ilha Terceira. A jovem perdeu a vida a defender-se de um agressor no dia 5 de junho de 1940. O investigador Ricardo Madruga da Costa, membro da Comissão Histórica, juntou os testemunhos e a documentação relativa ao processo de beatificação, que está pronto para seguir para Roma e ser entregue no Dicastério das Causas dos Santos.
Em fevereiro de 2018, o bispo de Angra, D. João Lavrador, deu luz verde ao início do processo de beatificação e canonização de Maria Vieira da Silva, uma adolescente de quem, logo após a sua morte, começou a correr a fama de santidade. “Tratando-se de um mártir, devem ser estudadas as circunstâncias que envolveram a sua morte para comprovar se houve realmente o martírio”, referiu o bispo de Angra, explicando que o segundo processo é o milagre da beatificação.
Maria terá sido morta quando levava o almoço ao pai. No regresso a casa, foi abordada por um homem de cerca de 50 anos que lhe queria roubar um beijo. Como a jovem recusou dar-lhe a carícia, o agressor atingiu-a com a enxada. A menina de 13 anos foi internada no Hospital do Espírito Santo, mas não resistiu aos ferimentos. Desde então, é considerada uma mártir da pureza pelos paroquianos de São Sebastião.
Segue para Roma
Segundo a Diocese de Angra, depois de concluída a fase diocesana, o processo segue para Roma, para o Dicastério das Causas dos Santos, onde será estudada a documentação e poderão ser avaliadas e reconhecidas as suas virtudes heróicas, primeiro passo para a beatificação. Se o fundamento para o processo for o facto da jovem ser mártir, poder-se-à dispensar a prova da existência de milagre, passando de Venerável, primeiro passo da fase romana, para Beata.
O bispo de Angra realçou, na passada sexta-feira, o trabalho de todos os que "assumiram as tarefas necessárias para recolher e registar documentação e testemunhos sobre a vida, as virtudes, a fama de santidade, em particular, e as graças, em geral" de Maria Vieira.
"Quero agradecer também aos leigos, aos Conselhos Pastoral e Económico de São sebastião e aos cristãos anónimos que sempre alimentaram este sentir comum da santidade de Maria Vieira e nunca desistiram de prosseguir este objetivo, também angariando fundos para a causa", frisou.
Para o bispo de Angra, o momento "serve para aprofundar o que significa este chamamento à santidade, que é feito a todos os cristãos já desde o batismo".
O processo teve como promotor inicial o pároco de São Sebastião, Domingos Graça, e como postulador da causa Manuel Carlos Alves, atual reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo, em Ponta Delgada, ilha de São Miguel.