Progenitora teve criança em casa e embrulhou-a em sacos de plásticos para a deitar no contentor. Recém-nascido foi encontrado sem vida.
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Um recém-nascido esteve cerca de seis horas num contentor do lixo, até ser encontrado, sem vida, em Póvoa da Mealhada, concelho da Mealhada. Foi ali deixado num saco plástico, pela mãe, que ainda não deu explicações.
Segundo apurou o JN, Inês C., na casa dos 30 anos, funcionária de um lar de idosos na Pampilhosa, terá tido o bebé, um menino, num anexo junto da habitação, anteontem, por volta da hora de almoço. Em seguida meteu-o num saco plástico. Saiu a pé para apanhar o transporte público com destino ao local de trabalho e depositou-o num contentor do lixo, que ficava no percurso habitual, junto a uma instituição para crianças, a cerca de 100 metros da habitação onde morava.
Este seria o terceiro filho da mulher, divorciada, que morava com os dois filhos menores de uma anterior relação, numa habitação humilde situada por cima da da mãe. Foi aí que teve a criança, quando se encontrava sozinha em casa.
O caso foi descoberto horas depois, quando a mulher se sentiu mal no trabalho e as colegas chamaram ajuda. Deu entrada com uma hemorragia no Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, onde os profissionais de saúde que a observaram se aperceberam que tinha dado à luz e alertaram as autoridades.
Disse onde deixara bebé
Inês acabou por confessar aos médicos e à PSP de Coimbra que tinha deixado o bebé num contentor, que localizou. A informação foi transmitida às autoridades da zona e, poucos minutos antes das 19 horas, elementos da VMER, bombeiros e GNR chegaram ao local e encontraram o bebé já sem vida. Ainda foram realizadas manobras de reanimação, mas sem sucesso. Fonte próxima do socorro adiantou ao JN que o bebé estava "envolto em sacos de plástico".
O caso passou para a alçada da PJ, que ainda não obteve uma explicação da mulher, ainda internada no hospital.
Só a autópsia irá determinar se a criança nasceu viva ou morta e disso depende o tipo de crime que terá de enfrentar: infanticídio, caso tenha nascido viva e lhe tenha provocado a morte, ou ocultação de cadáver se nasceu morto.
O caso apanhou de surpresa os vizinhos, que nem sabiam que a mulher estava grávida. Fátima Sousa, uma vizinha que ontem falou com a mãe de Inês, contou que a mulher ligou do hospital e "pediu desculpa". "A mãe [de Inês] não sabia de nada" da gravidez, "está em choque e muito abalada com isto tudo", acrescentou.
A fisionomia de Inês terá permitido esconder a gravidez daqueles com quem convive assiduamente. "Ainda ontem [anteontem] a vi e não sabia que estava grávida. É uma pessoa forte e ninguém se apercebeu", disse José Ferraz, outro vizinho.
"É uma pessoa impecável e muito trabalhadeira. Faz turnos e a mãe dela ajuda a tomar conta dos netos. Deve ter ficado louca para fazer uma coisa dessas", acrescentou outra pessoa que morava na zona, adiantando que também desconhecia a gravidez.