"A Fuga". Assim se chama o conjunto escultórico que a Bélgica ofereceu à cidade do Porto e que agora está instalado no Jardim da Cordoaria. Prova de uma longa amizade entre dois povos, a obra da autoria de Dirk Lamote assinala o início da presidência belga do Conselho da União Europeia.
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É no meio do lago e não muito longe dos "Treze a rir uns dos outros", famoso conjunto de esculturas do espanhol Juan Muñoz, que podemos apreciar "A Fuga". Das águas emergem duas cabeças e o busto de um homem que parece querer voar, dando a quem passa toda a liberdade de interpretação.
Porque na arte é assim - a componente abstrata permite que cada pessoa retire um determinado sentido daquilo que se lhe apresenta aos olhos -, o autor de "A Fuga" espera que a sua obra no Porto deixe "as pessoas criar as suas próprias histórias". Foi o desejo que expressou ao final da manhã desta quinta-feira, no momento da inauguração.
"A imaginação é o que nos torna humanos", referiu Dirk Lamote, para quem é uma honra "ter uma obra belga nesta linda cidade". Feita em bronze, a instalação pretende, segundo o autor, "ser uma metáfora dos nossos sonhos para uma realidade ideal".
Para Serge Wauthier, embaixador da Bélgica em Portugal, fazer coincidir a oferta da obra à cidade com o início da presidência belga da União Europeia (UE) foi uma forma de "evocar as centenas de milhares de portugueses que contribuíram para a economia europeia" e que, em simultâneo, espalharam a cultura de Portugal pelo Mundo. Lembrou, a propósito, que o seu avô e o seu bisavô paternos eram pedreiros e emigraram para França.
O diplomata sublinhou ainda que a emigração nem sempre tem como objetivo a busca por melhores condições de vida. Por vezes é também para "escapar às atrocidades da guerra", como a que se vive hoje na Ucrânia, que foi invadida pela Rússia há quase dois anos. A propósito, referiu que a UE "tem sido garantia de paz e democracia".
Rui Moreira, presidente da Câmara, lembrou a longa relação de comércio entre o Porto e a Flandres, concluindo que a arte também pode ser uma forma de "acreditar no ideal europeu". Em relação ao conjunto escultórico de Dirk Lamote, considera-o como "uma distinção" feita à cidade.