A Biblioteca Municipal do Porto vai encerrar os serviços ao público no dia 1 de abril e terá obras de remodelação pelo menos até 2027, mas que devem prolongar-se até 2028. Souto Moura é o autor do projeto, que triplicará a capacidade de armazenamento e dotará a biblioteca com cafetaria, entre outras novidades.
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Na apresentação, esta sexta-feira, o arquiteto Eduardo Souto Moura, que já teve outras intervenções na Biblioteca Pública Municipal do Porto (BPMP), falou de um "pontapé de saída" e lembrou os tempos de estudante em que a zona de S. Lázaro, onde está inserido o imóvel, era uma espécie de "quarteirão das artes". Com a empreitada, cujo início está previsto para o final de 2024, um dos objetivos passa por criar outro ambiente na envolvente compreendida pelas ruas D. João IV e Morgado Mateus e a Avenida Rodrigues de Freitas. "Também me interessa alterar a cidade", explicou.
Museu da palavra, cafetaria, biblioteca sonora e espaços ajardinados são algumas das novas valências. O custo estimado é de 26,5 milhões de euros, mas a verba poderá chegar aos 30 milhões. "Sabemos quando começa, mas nunca sabemos quando acaba", afirmou o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, referindo-se ao tempo de obra, previsto durar até 2027, mas que deverá estender-se pelo ano seguinte. "É melhor pensar assim", concordou o arquiteto, sentado ao lado do autarca, enquanto eram projetadas imagens do que existe e do que é proposto para o futuro. A sessão, numa das salas da BPMP, foi muito participada.
Neste "dia simbólico", como o qualificou Souto Moura, foi assinalado que a requalificação será total. Do telhado ao subsolo. Nascerão dois novos edifícios. As diferenças serão mais visíveis do lado da Avenida Rodrigues de Freitas, com o museu da palavra, e na Rua Morgado Mateus, onde "haverá garagem e entrarão os camiões". Neste setor, para "não entrar bicharada", incompatível com a conservação dos livros, será instalada uma "sala de desinfeção".
Para o público, a entrada contará com "dois postos de atendimento". Todo o complexo será servido por vários elevadores, essenciais para o funcionamento. Outra das inovações passará por um átrio no interior, uma espécie de "teatro ao ar livre", com capacidade para a realização de diversos tipos de eventos.
Serviço 'take-away'
O aumento da área em depósito, uma necessidade antiga, será, finalmente, colmatada. "A Biblioteca tem um espólio raríssimo. É dos melhores do país. Para responder às exigências e expectativas, a capacidade de armazenamento vai triplicar", afirmou Rui Moreira, considerando esta empreitada uma das "mais importantes" dos seus mandatos, à semelhança da requalificação do Mercado do Bolhão e do Cinema Batalha.
"Interessava contar com alguém que já tinha aqui assinatura. O Eduardo [Souto Moura] é um dos nossos melhores. É um selo de qualidade, que não podíamos desperdiçar. É uma garantia", destacou o presidente da Câmara.
Apesar do fecho a partir do dia 1 de abril, o fundo de periódicos históricos do Porto, como o "Jornal de Notícias", continuará a ser disponibilizado. Também a consulta de manuscritos para trabalhos de investigação será facultada. Entre outras medidas, está prevista a criação do serviço de 'take-away'.
"Mãos à obra", concluiu Moreira, dando nota que, não obstante o fecho das instalações, os trabalhadores da biblioteca irão continuar todos em atividade.