Bienal da Máscara em Bragança dedicada às figuras femininas das mascaradas ibéricas
Nos próximos três dias, Bragança transforma-se na capital dos mascarados, com a realização da Bienal da Máscara – Mascararte, cuja 11.ª edição é dedicada às Personagens Femininas das Mascaradas do distrito de Bragança e da Província de Zamora, face ao papel que assumem na tradição associada à máscara ibérica.
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Conhecidas por Filandorra, Madama, Velha ou Beilha, Sécia ou Mascarinha são figuras essenciais nesta tradição ligada ao solstício de inverno, cujas festas se realizam entre o Natal e o Dia de Reis em vários concelhos transmontanos, nomeadamente da zona da raia.
“A igualdade de género está na ordem do dia e não há razão nenhuma para que estes rituais sejam em exclusivo dos homens. Sendo certo que o eram até há 15 ou 20 anos, mas a tradição evolui”, referiu o investigador António Tiza, defendendo “que não vai contra a tradição”.
Ainda segundo o investigador, as figuras femininas já existiam nas festas na Idade Média. “Foi evoluindo. Antigamente as mulheres participavam de outra maneira através da confeção dos trajes, feitos pelas mães, irmãs, mas não os vestiam. Agora produzem os fatos e as máscaras e vestem-nos”, indicou António Tiza.
Desta feita, na Mascararte pretende-se ainda destacar o empreendedorismo cultural e criativo, realçando o papel dos artesãos e de projetos diferenciadores e aglutinadores, bem como refletir sobre os desafios colocados às associações de caretos e comunidades locais na preservação e continuidade dos rituais, focando-nos na valorização do papel da mulher.
Eventos não faltam, desde conferências e conversas à volta de diversas temáticas, até exposições, desfile e a queima do mascareto, oficinas de banda desenhada, encontro de grupos de gaiteiros. No Espaço da Máscara - Mostra de Artesãos estarão vários em permanência mostrando o seu trabalho.
Hernâni Dias, presidente da Câmara de Bragança, entidade organizadora, considera que a Bienal tem contribuído para a “preservação dos valores culturais do território”.