Bienal de Cerveira abre ao público a primeira reserva de arte do Norte
A Bienal de Cerveira vai abrir, a partir deste sábado, a primeira reserva de arte do Norte do país, com grande parte do espólio daquele evento fundado em 1978.
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Pela primeira vez, o público vai ter acesso a centenas de obras que artistas de todo o Mundo foram doando e que a própria organização foi adquirindo ao longo de 23 edições da Bienal, nos últimos 47 anos. Cerca de 700 peças, na sua grande maioria pintura e escultura, vão começar a ser mostradas pela primeira vez num espaço museológico próprio, criado por via de um investimento de cerca de 150 mil euros, financiado pelo Programa Regional Norte 2030.
O acesso do público ao acervo da Bienal, que viverá a sua 24.ª edição em 2026 e comemorará meio século de existência em 2028, será possível a partir de agora, mas ainda assim mediante marcação e através de visitas orientadas.
“A nível nacional existem duas ou três reservas visitáveis, mas a nível da zona Norte esta é a primeira”, afirmou a museóloga da Fundação Bienal de Arte de Cerveira (FBAC), Rita Veríssimo, referindo que em Portugal, atualmente, existem reservas visitáveis no CCB e no Museu Nacional de Etonologia.
A museóloga adiantou que, por agora, o novo espaço está “preenchido a 50%” e que o trabalho de catalogação e reorganização do espólio artístico e instalação na reserva aberta a visitação é “contínuo”. “Temos muitas mais obras. Ainda estamos na fase de estudo e a fazer um levantamento real sobre as obras que estão fora do museu. Como estamos a falar de espólio desde os anos 70, às vezes é muito difícil. No início, principalmente, havia falta de informação, ou seja, há muita coisa perdida”, indicou, acrescentando que deverão existir “cerca de 20% a 30% de obras fora”.
Para criar uma galeria visitável, com condições adequadas para receber a reserva museológica, que desde a fundação da Bienal permanecia nos bastidores, foram adquiridos “32 painéis amovíveis e três núcleos de estantes amovíveis, completamente adaptáveis”. “Um dos grandes problemas eram espaços para acondicionamento e armazenamento para a coleção de pintura e escultura”, explicou Rita Veríssimo, justificando a opção do mobiliário, porque “permite jogar com a coleção e com doações e aquisições” futuras.
Para o autarca de Vila Nova de Cerveira, Rui Teixeira, o projeto representa “uma viragem na forma como o museu da Bienal se relaciona com os seus públicos”.
Este sábado, além da abertura da reserva de arte, será inaugurada, no espaço da Bienal, a exposição “Transbordo” de seis artistas ligados a Santiago de Compostela. Trata-se de uma iniciativa no âmbito do programa “Cidades Convidadas”, que decorre sob o tema “Territórios sem fronteira”. A segunda e próxima exposição será dedicada a Luanda.