Atento ao crescimento da extrema-direita, o bispo do Porto alerta para o medo e conservadorismo que alguns partidos tentam incutir. Cabe aos leigos meterem-se na política e defenderem projetos humanistas e de valorização dos direitos.
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Disse não querer meter-se na política, mas que intervenção deve ter a Igreja face ao crescimento de partidos extremistas?
A Igreja tem de se meter na política. Não pelos seus bispos, nem pelos seus padres porque isto seria andar para trás dezenas ou centenas de anos, mas tem de se meter pelos seus cristãos. E são eles que vão formar uma mentalidade de acordo com o Evangelho. Não no sentido religioso, em impor uma religião, mas no sentido do vigor dos direitos humanos, na luta contra a corrupção, todas as formas que são desestruturantes da nossa sociedade. Não sou apologista de que se eliminem ou que se inviabilizem determinados partidos extremistas de um lado e do outro. Mas podem-se menorizar os extremismos a partir de algo que seja uma força impulsionadora e que arraste as pessoas para o bem comum. Os cristãos, na política ou nos partidos democráticos que já existem, ou noutras instituições que venham a criar, devem ter um grande projeto que anime a sociedade e o Estado à virtude da esperança, para que o futuro seja mais coeso e nos leve a caminhar numa dimensão mais humanista.