Os restaurantes aderentes à Festa da Sardinha, que arranca, amanhã, sextta-feira, na Figueira da Foz, ameaçam boicotar os expositores de assadores que, habitualmente, são colocados à porta. Tudo porque a Câmara decidiu limitar o seu uso à véspera e ao dia de São João.
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"Isto é muito mau. A estrutura [do assador] já lá está há 15 dias e agora dizem que só se pode assar nos dias 23 e 24. As pessoas estão habituadas a ver esta estrutura durante o evento. É um chamariz. Se se pode assar a 23 e a 24, por que é que não se pode todos os dias?". Palavras de Carlos Fileno, proprietário do "Bela Napoli", um dos 29 restaurantes aderentes à iniciativa, que se prolonga até ao dia 27.
Carlos Fileno esteve, ontem, na apresentação do programa das Festas da Cidade/São João 2010, junto ao Forte de Santa Catarina, e foi ali que soube da decisão da Câmara. Está apostado em devolver a estrutura colocada junto ao seu estabelecimento à Figueira Grande Turismo - Entidade Empresarial Municipal. Manuel Cardoso, proprietário do "Lisfoz", outro restaurante aderente, ainda não tem a estrutura à porta, mas garante que não a quer.
"Estupefacto" declarou-se Mário Esteves, responsável da delegação da Figueira da Foz da Associação de Hotelaria e Restauração do Centro, parceira no certame. Fez saber que teve conhecimento da decisão da Câmara através de jornalistas e defendeu que tal limitação "não tem pés nem cabeça", alertando para o facto de estas estruturas serem "uma mais-valia", já que "neste sector, os olhos também comem".
Festa continua nos restaurantes
Mário Esteves anunciou uma reunião com os responsáveis dos restaurantes aderentes, adiantando que a vontade dos presentes é devolver as estruturas ou nem as aceitar, no caso de quem ainda não as tem junto dos estabelecimentos. "A Festa da Sardinha continua a funcionar nos restaurantes, só não aceitamos os assadores. Recusamo-nos a fazer publicidade enganosa", disse ao JN.
Carlos Fileno reafirmou não haver qualquer intenção de "boicotar" a festa, pelo que vai assar a sardinha no interior. "Mas não tem o mesmo impacto", lamentou, para logo rematar: "Isto já existe há dez anos, é um marco nas Festas da Cidade".
Manuel Cardoso, por seu lado, lembrou que esta era "uma oportunidade de recuperar um pouco" em termos económicos. "Há colegas que, no ano que vem, vão ter de fechar portas, não tenho dúvidas nenhumas", disse ainda. Antes, Mário Esteves já havia aludido a "situações delicadas" num sector que "é o maior empregador da Figueira da Foz".
Já o presidente da Câmara da Figueira da Foz, João Ataíde, explicou aos jornalistas que a decisão é irreversível. E referiu: "É uma questão de amenização de interesses, porque o uso dos fogareiros é uma medida absolutamente excepcional, e portanto vamos reduzi-lo àquele período sensível, porque a maior parte dos restaurantes - se não quase todos - assa as suas sardinhas sem necessitar dos fogareiros. Na véspera e no dia [de São João], não faz sentido não abrir a excepção".
O JN tentou contactar o autarca, posteriormente, para mais esclarecimentos, mas sem êxito.