A vida de Stella Carvalho, de 48 anos, transformou-se num autêntico pesadelo, desde que lhe foi diagnosticado um tumor no sangue, há sete anos, cuja progressão a quimioterapia não tem conseguido travar. Há dois anos, tornou-se mais agressivo, pelo que tem de tomar morfina para suportar as dores.
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Só um dador de medula óssea poderá ajudar a bombeira da corporação da Golegã, desde então no quadro de reserva, a voltar a ter uma "vida normal".
A morar em Lisboa desde que recebeu o diagnóstico de policitemia vera, um tumor raro provocado por uma alteração genética caracterizada pela produção excessiva de células sanguíneas pela medula óssea, Stella viu o seu estado de saúde agravar-se há dois anos, quando a doença evoluiu para mielofibrose, que consiste na produção de glóbulos vermelhos num formato anormal, anemia e baço aumentado. Condição que lhe exerce "pressão noutros órgãos".
"Como fico inchada, porque me provoca retenção de líquidos, não me consigo mexer nem estar de pé muito tempo", explica a bombeira na reserva, mãe de dois jovens, de 28 e de 27 anos. "As dores são muito fortes e, sem a morfina, não consigo aguentar", assegura. Em contrapartida, refere que o metabolismo fica mais lento, sente muita sonolência, a voz fica arrastada e demora mais tempo a fazer tudo. "A morfina tira a dor, mas tem esses handicaps, que me dificultam muito a vida. Passo os meus dias em casa", conta Stella.
Família não pode doar
Com o aumento da agressividade da doença, que lhe "ataca" sobretudo a zona lombar, a bombeira relata que os tratamentos de quimioterapia duas vezes por dia, por via oral, deixaram de fazer efeito, pelo que só um transplante de medula óssea fará com que o tumor desapareça e volte a ser uma "pessoa normal". Contudo, como o problema é de origem genética, não pode receber sangue da família. Quanto ao marido, teve um tumor no pâncreas, com metástases no fígado há dois anos, debelado ao fim de 14 meses de tratamento intensivo de quimioterapia, mas continua a ser acompanhado.
Médica de Stella, a hematologista Ana Rebelo, que trabalha no Hospital dos Capuchos da Unidade Local de Saúde de S. José, esclarece que basta uma análise ao sangue para apurar se há compatibilidade entre os sistemas imunitários. Se for elegível, o dador tem apenas de receber injeções para estimular a libertação de células mãe da médula óssea para a corrente sanguínea, nos dias antes da colheita. "Não implica nenhum procedimento cirúrgico, doloroso e moroso", garante a especialista.
Para ser dador, tem de se ser saudável, ter entre 18 e 45 anos, o mínimo de 50 quilogramas e 1,5 metros de altura, não ter recebido transfusões de sangue após 1980 e residir em Portugal.