Perderam três carros, metade da frota, nos últimos fogos, mas o Governo só paga parte dos prejuízos. Precisam de 507 mil euros e a população, que deseja ajudar, não percebe a falta de apoios estatais.
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"A população está com os bombeiros e quer apoiá-los. Mas também acho que perante uma situação excecional o Estado deveria ter outra atenção". Jorge Ribeiro é um dos muitos cidadãos de Proença-a-Nova que vão apoiar a campanha, lançada pela Associação dos Bombeiros Voluntários local, de angariação de fundos para fazer face às despesas de aquisição e reparação de três veículos que os fogos de 25 de julho e 13 de setembro consumiram. Os estragos ascendem a 813 mil euros, o Governo, para já (ler ficha), só dá 206 mil e, por isso, os bombeiros andam a pedir 507 mil euros, resumem os responsáveis dos bombeiros.
"Temos uma viatura irrecuperável, outra que não nos parece ser recuperável devido aos estragos e à idade (37 anos), que dificulta o arranjo de peças, e temos mais uma para recuperar", explica desesperado ao JN Ricardo Araújo, presidente da direção dos bombeiros de Proença-a-Nova.
No despacho da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANPC) está estipulado que contribui com um apoio de 80% do valor-base do veículo que está irrecuperável e 30% para os restantes dois veículos, percentagens calculadas na base dos anos de vida destes equipamentos, o que totaliza os tais 206 mil euros.
O veículo mais antigo, com 37 anos, caiu numa ravina, a 25 de julho. A viatura continua "encaixada" no fundo de um vale, entre pedras rochosas, em Proença-a-Nova. As outros duas (cada uma com 22 anos) ficaram inoperacionais pelos danos do fogo. Três baixas materiais, a juntar a uma morte e quatro bombeiros feridos nos fogos que assolaram a região e que destruíram perto de 15 mil hectares de floresta só em Proença-a-Nova.
"Os homens vão apagar os fogos e não perguntam a quem pertence o terreno. Os bombeiros andaram noutros concelhos e esses deveriam também ajudar, porque aqui as pessoas já vivem do pouco que têm", considera Adriano Nascimento, de 78 anos, que vai contribuir "com alguma coisinha".
"Precisamos de 507 mil euros para esta despesa, se nos formos endividar não poderemos resolver situações que têm de ser revolvidas num quartel que já tem dezenas de anos", diz Ricardo Araújo. Uma delas é o gabinete onde os elementos guardam os equipamentos.
Neste momento, os bombeiros têm metade da frota de viaturas de combate a incêndios inoperacionais. "Deveríamos ter 10 viaturas para esse fim, mas tínhamos seis. Com as três que perdemos, só nos restam três, situação que temos de resolver até março", alerta o comandante Tiago Marques, que conta ter algum apoio da Câmara, "como sempre, mas nunca na ordem do que precisamos". A campanha visa também adquirir equipamento de proteção individual.
Processo
MAI analisa caso
O Ministério da Administração Interna esclareceu ao JN que "decorrem os procedimentos para que, no âmbito da Diretiva Financeira da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, sejam apuradas as circunstâncias e montantes de comparticipação para reposição das viaturas".
Campanha
Tem três semanas a campanha e está lançada nas redes sociais e em panfletos afixados nos estabelecimentos. Ontem somava "mais de 16 500 euros" vindos do partido PAN, de cidadãos de Vila Real, de Lisboa, do Canadá, de Castelo Branco, do Brasil. Quem quiser contribuir para esta campanha pode fazê-lo ao contactar http://bvproencaanova.pt.