Usar as mesmas pás que travam o avanço das chamas, no repovoamento da floresta ardida, é a tarefa que espera os Bombeiros Voluntários de Fornos de Algodres no “defeso” que se aproxima. Inédita, a campanha propõe uma árvore por cada serviço em 2010.<br />
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Se o número de saídas para incêndios, acidentes, transporte de doentes e limpeza de vias for este ano igual ao registado em 2009 pelos Voluntários de Fornos de Algodres, o concelho receberá, nos próximos meses, 4200 novas árvores e arbustos.
Espécies autóctones da flora portuguesa, a angariar junto de parceiros, serão plantadas nas zonas destruídas pelos incêndios dos últimos anos: carvalho-negral, pinheiro silvestre, pinheiro manso, plátano-bastardo, vidoeiro, cerejeira, tramazeira, mostajeiro, azereiro, azinheira, sobreiro, ameeiro, freixo e sabugueiro, são algumas delas.
“Os fogos deixam atrás de si um rasto de destruição. Terra queimada. Estéril. Uma mancha na paisagem serrana. As mãos que os apagaram, com muitos riscos e sacrifícios, vão agora trabalhar para que o verde regresse”, explica Álvaro Melo, presidente da direcção da corporação.
“Um serviço, uma árvore amiga”, é a designação da campanha que, a partir de finais deste mês, vai ser colocada no terreno com o envolvimento dos alunos das escolas.
“O final da campanha de combate aos fogos, no final do mês, coincide como regresso às aulas de milhares de crianças e jovens. Mão de obra a que iremos recorrer para pôr o projecto em marcha no terreno”, explica Álvaro Melo.
O concelho de Fornos de Algodres tem uma área florestal calculada em 4500 hectares. Mancha que equivale a 40 por cento do seu território.
Nos últimos anos, devido aos incêndios na floresta, muita desta área ficou despojada de vegetação com perdas significativas de espécies características desta região. “Daí a nossa aposta, em parceria com um conjunto vasto de entidades, em promover a reposição do manto vegetal”, acrescenta o responsável.
Este ano, entre os dias 10 e 12 de Agosto, um incêndio florestal que começou a lavrar no vizinho concelho de Mangualde, alastrou a Fornos de Algodres, sobressaltando as populações.
“Foram três dias de luta sem tréguas. As chamas vieram de Santo Amaro de Azurara, em Mangualde, e atingiram a zona Este do nosso território. Perdemos 1152 hectares”, afirma o comandante José António Pereira. O responsável precisa de recuar uma década, a 1998, para se lembrar de um fogo tão nefasto e violento.
“A área destruída este ano será privilegiada nas acções de reflorestação”, garante o presidente dos Voluntários, para quem a floresta, com todas as riquezas que possui, não se compadece com “o campo de batalha” em que todos os anos se transforma.