Muita gente fez questão de ir à igreja de Pigeiros na Feira, dar os parabéns a Américo Silva e Maria Etelvina.
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Um botão de camisa solto e um sorriso cúmplice deram origem a uma história de amor que dura há 79 anos e que foi assinalada na freguesia de Pigeiros, em Santa Maria da Feira, no domingo. De mãos dadas e de sorriso afável, Américo Silva, 105 anos, e Maria Etelvina, 95, desceram os primeiros degraus da igreja de Pigeiros e foram surpreendidos por uma chuva de pétalas, acompanhada pelos muitos aplausos dos que fizeram questão de marcar presença e celebrar 79 anos de casamento.
Seguiram-se inúmeras felicitações ao casal, entre as quais a do presidente da Câmara, Emídio Sousa, que assinalou desta forma o duradouro relacionamento que surgiu de forma singela.
"Um dia desprendeu-se um botão da camisa e fui pedir à minha irmã para o pregar". Maria Etelvina, que estava em casa da irmã de Américo Silva a aprender costura, "levantou-se e disse que o prendia". "Veio pregar-me o botão sempre a sorrir e eu sorri também para ela, nascendo uma certa confiança", explicou Américo, que acabaria, mais tarde, por receber "uma carta amorosa" de Maria Etelvina. Às escondidas da mãe, lá conseguiu fazer chegar a missiva que marcava de forma definitiva o relacionamento que perduraria ao longo de décadas.
Américo da Quintã, como é conhecido em Pigeiros, diz ter uma "vida feliz" com este matrimónio. "Tenho uma vida harmoniosa, muito bem organizada", frisa.
Ressalta que "há altos e baixos, ao longo de tantos anos", mas "sempre a tender para a parte positiva". E não esquece que a sua profícua idade se deve também à mulher: "A minha mulher cuida muito de mim e faz-me uma alimentação boa para a saúde".
"Bom entendimento"
Maria Etelvina, que sorri de felicidade a cada história recordada pelo marido, confirma: "Nem sempre corre tudo bem. Mas felizmente entendemo-nos e criamos os nossos dois filhos que são nossos amigos". Garante que o sucesso de um relacionamento longo reside no "bom entendimento". "Temos de saber perdoar e fazer o possível para esquecer alguma coisa que esteja mal, mas se for para viver em ódio mais vale separar", diz.
O casal, que ainda cuida de alguns afazeres da casa, resume de forma simples uma longa vida de matrimónio: "Foi um bom casamento. Somos muito felizes".
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Já não conduz
Aos 100 anos, Américo Silva ainda conduzia o seu carro e tratava dos afazeres do campo. Já não conduz, apesar de estar habilitado para tal. "É muito perigoso e por isso deixou de conduzir", explicou a mulher.
Chegou a dar injeções
Carpinteiro de profissão, Américo fez parte da Junta de Freguesia 12 anos e integrou a Comissão Fabriqueira da igreja, além de outros trabalhos que sempre executou gratuitamente. No tempo em que não havia enfermeiros disponíveis, chegou a dar injeções.