O programa Cultura em Expansão começou esta segunda-feira, com Gisela João, na Associação de Moradores da Bouça, no Porto, uma coletividade que nunca nos seus 40 anos de existência havia visto tal evento, garantiu à Lusa o seu presidente.
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Antes do início do concerto (marcado para as 17 horas, mas que só arrancou perto das 17.30 num salão cheio), o presidente da Associação de Moradores da Bouça, José Maria Ribeiro, afirmou: "Nós não tínhamos capacidade de trazer aqui a Gisela João, nem tínhamos capacidade de pagar aos guardas que estão ali. A associação de moradores, digamos a verdade, nunca teve um evento destes. Em 40 anos! Disseram que em outubro queriam fazer outro. Se a Câmara nos ajudar, nós também ajudamos".
Aos jornalistas, da parte do pelouro da Cultura da Câmara Municipal do Porto, Guilherme Blanc recordou que o concerto da fadista Gisela João, no dia 25 de abril, com cenografia de José Capela a partir do mural existente no salão da associação ligado à Revolução e ao SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local), é o primeiro evento de um programa "que explora o território da cidade e promove um conjunto de iniciativas ao longo do ano em bairros sociais do Porto".
"Proporciona atividades culturais de grande importância e de grande qualidade aos públicos destas zonas da cidade e também faz algo interessante e importante, que é utilizar a cultura como veículo de descoberta do território", afirmou Guilherme Blanc.
Por seu lado, o presidente da União de Freguesias do Centro Histórico do Porto, António Fonseca, lembrou que aquela zona da cidade tem sofrido "um despovoamento nos últimos anos muito grande", levando ao encerramento das coletividades locais.
Sobre o Cultura em Expansão, e o concerto de Gisela João em particular, António Fonseca disse que "a iniciativa é boa, mas não basta ter uma", isto é, "tem que haver uma situação regular, porque elas [coletividades] merecem", salientando que vai propor à Câmara a construção de um ringue e que pretende desenvolver uma feira das coletividades da União de Freguesias.
Antes do começo do concerto, América Nogueira e Laura Santos encontravam-se no átrio da associação à espera do espetáculo de uma artista bem sua conhecida.
"Ela começou, a bem dizer, no Porto", disse Laura Santos à Lusa, antes de realçar que se deslocou da Senhora da Hora, em Matosinhos, até um espaço que nem sabia existir e que descobriu através do Facebook.
Já Miguel Carneiro, também à espera da abertura de portas, sublinhou a importância de apoiar a iniciativa para "mostrar que a cidade está com a Câmara" e destacou a programação de levar a "cultura a sítios onde habitualmente não existem atividades deste género".
O Cultura em Expansão, na sua terceira edição, decorre até dezembro em espaços diversificados da cidade, sendo o próximo concerto a 18 de junho com Pedro Burmester a atuar na Associação de Moradores do Bairro Social da Pasteleira - Previdência/Torres.