Aos 26 anos de idade, João Henriques já soma seis de experiência como investigador. A carreira “precoce” valeu um feito por poucos conseguido: é coautor de um artigo numa das revistas “Nature”, a mais importante publicação científica do Mundo.
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Mas não “lançou foguetes”. Estava tão confiante no trabalho da equipa que nem contou à família, “hão de saber agora pelo jornal”, supõe. O jovem cientista é contratado pelo Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), em Braga, faz doutoramento na Universidade de Santiago de Compostela, na Galiza, e a sua vida é entre “o computador e a secretária”.
Em que trabalha, afinal, João? Para ele, a ciência não tem de ser um bicho de sete cabeças (faz até parte de um projeto que leva ciência aos alunos do Ensino Básico). A sua área de investigação é uma das maiores da Física: matéria condensada. Especificamente, trabalha com matéria de reduzida dimensão. “Principalmente em grafeno, uma camada só de átomos de carbono, e em nanografenos, fragmentos dessa camada.”
Multiculturalidade
A publicação na “Nature Nano” surgiu pelo trabalho que, em equipa com químicos na Alemanha e físicos na Suíça, aos quais se junta como teórico com outro colega português, desenvolve no magnetismo descoberto no grafeno. “Apesar de ser feita de carbono, esta molécula tem propriedades magnéticas, o que surpreende porque, quando pensas em magnetismo, pensas naquilo que colas no frigorífico, um metal, que é inorgânico. E de repente surge magnetismo num material orgânico.” Uma área de estudo ainda “prematura”, mas na qual a sua equipa trabalha nas potenciais aplicações práticas dessa propriedade.
João foi atraído para a Física pelo lado solitário da matemática - “estar no computador, escrever fórmulas, fazer trabalho analítico” - e acabou encantado pelo lado colaborativo. “A melhor parte do INL é conhecer outras culturas.” Mas o desgaste de quem começou antes do “normal” e a precariedade da ciência não fazem prever que o futuro continue por aqui. “Ainda não decidi o que fazer a seguir, mas duvido que seja investigação.”