Falta a concordância da Universidade do Minho para o autocarro em via dedicada atravessar o campus. Lançamento da consulta pública não pode ficar à espera dessa decisão sob risco de perder financiamento do PRR.
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O Município bracarense, através dos Transportes Urbanos de Braga (TUB), vai avançar com o concurso público para a construção das duas primeiras linhas do metrobus (autocarro em via dedicada), mas sem um traçado completamente definido. A Universidade do Minho ainda não deu a validação definitiva da alteração ao percurso, que prevê o atravessamento do campus de Gualtar. Para não perder o financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a autarquia tem de avançar com a obra. No concelho vizinho em Guimarães, o metrobus tarda em sair do papel. O Governo não desbloqueou o dinheiro para a empreitada, anunciada quase em simultâneo com a de Braga, e, apesar de ainda estar em estudo, a estimativa de custos tem disparado (ler texto na página seguinte).
Cem milhões da “bazuca”
Em Braga, é o calendário apertado do PRR que força o Município de Braga a avançar. Dos 150 milhões de euros necessários para rasgar as duas linhas de BRT (Bus Rapid Transit ou metrobus), 100 milhões vêm da "bazuca" e os restantes 50 milhões são suportados pela autarquia. A vereadora Olga Pereira sublinha, ao JN, que a passagem do autocarro em via dedicada pelo campus da Universidade do Minho foi acordada com a Reitoria, mas o traçado final necessita, em termos legais, de ser aprovado pelo novo Conselho Geral, que tomará posse em maio.
“Ainda se vai a tempo, mas é preciso avançar”, assinala, aludindo ao facto do projeto ser financiado pelo PRR que impõe o mês de junho de 2026 para o termo de todas as obras que financia. Aliás, para conseguir que a intervenção acabe dentro do prazo limite, terá várias frentes de obra em simultâneo.
O projeto foi negociado entre as partes, já que a Universidade do Minho considerou que o primeiro traçado, proposto pelos TUB, era demasiado invasivo para a circulação de peões e de automóveis no campus. A linha vermelha do metrobus, que ligará a estação da CP ao Hospital de Braga e tem 6,2 quilómetros e dez estações, vai atravessar o campus de Gualtar. A entrada do BRT será feita já depois da porta lateral, percorrendo o monte até à rotunda junto à Escola de Medicina.
O metrobus de Braga terá, numa primeira fase, duas linhas com 12, 2 quilómetros de extensão, sendo a segunda a Linha Amarela. Aproxima a estação ferroviária e a Avenida Robert Smith e possui seis quilómetros e dez estações. Prevê-se que a rede de autocarros em via dedicada se expanda para quatro linhas com um total de 22,5 quilómetros.
O projeto liga diversos polos geradores de tráfego, como estações ferroviárias, o Centro Coordenador de Transportes, a Universidade do Minho, o hospital de Braga, o Laboratório Ibérico de Nanotecnologia, bem como superfícies comerciais e zonas de maior densidade populacional. Para a operação, será necessária a aquisição de dez autocarros com nível nulo de emissões e a instalação das estações de carregamento.
Regeneração
Projeto feito à medida das “autoestradas urbanas”
A Câmara de Braga tem defendido que o metrobus, “pela sua modernidade, fiabilidade, frequência e rapidez de circulação, vai garantir maior atratividade, sobretudo na malha urbana onde serve a maior parte da população”.O presidente Ricardo Rio tem argumentado que o projeto, além de melhorar a oferta de transportes no concelho, tem, também, uma forte componente de regeneração urbana, uma vez que "Braga foi projetada com verdadeiras autoestradas urbanas com trânsito de concelhos limítrofes que a atravessam”. À boleia do metrobus, espera-se que haja uma humanização desses espaços centrais, permitindo abrandar o trânsito e criando melhores condições de circulação para peões e para modos suaves de mobilidade, como bicicletas.
Dados
20 milhões de euros é o custo de construção por quilómetro do metro ligeiro em zona urbana, o metrobus só custa seis, diz o Estudo.
130 passageiros é a lotação dos BRT, um veículo duplo de LRT pode transportar 504 pessoas.