Projeto lançado pela Câmara de Braga tem financiamento europeu, atuando junto de cidadãos estrangeiros com dificuldade de adaptação ao país.
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Aproximar a comunidade imigrante da sociedade bracarense é o objetivo do projeto de mediadores municipais e interculturais, em que participam também cidadãos estrangeiros. José Dias, técnico camarário, coordena a equipa em que estão Vasyl Bundzyak, sacerdote ortodoxo ucraniano, que apoia imigrantes do Leste europeu, Saidatina Dias, senegalesa que se dedica aos africanos, Rómulo Barreto, dedicado a cidadãos das Américas e Toni Maia, que ajuda no apoio à comunidade cigana.
O projeto nasceu de uma candidatura lançada pelo ex-vereador Firmino Marques ao POISE (Programa Operacional para a Inclusão Social e Emprego). "Queremos responder às necessidades destas comunidades, com atividades que potenciem o sentido de identidade e de pertença, permitindo a mediação com (e não apenas para) as comunidades", sublinha o coordenador.
Convívio intercultural
Para isso, e além do trabalho de atendimento, o grupo realizou este ano um convívio intercultural, que juntou 220 pessoas, com 18 iniciativas - desporto, música e dança - e que será novamente levado a cabo em 2020. "É importante. Há senegaleses e outros africanos que não se sentiam de Braga", frisa Saidatina, lembrando que ali vivem vários refugiados.
A iniciativa dura 36 meses e tem quatro parceiros: a Cruz Vermelha Portuguesa, a associação dos imigrantes senegaleses, a UPE (associação social e cultural luso-ucraniana) e a Estreia Diálogos - associação de investigação e ação colaborativa, explica José Dias.
Com gabinete de atendimento gratuito na Cividade, em três meses o grupo atendeu imigrantes com problemas de inserção, ligados, por exemplo, à aprendizagem da língua portuguesa, a dificuldades de habitação ou de sobrevivência alimentar, de procura de emprego, de formação profissional ou de legalização.
"A regra é a de ensinar a pescar e não a de dar o peixe", explica Saidatina Dias, frisando que se trata de "promover a autonomização", mas ressalvando que todos os casos são encaminhados para os serviços de emprego, de saúde ou da Segurança Social.
Já o padre Vasyl salienta que outra função primordial é a de gerar confiança entre imigrante e mediador: "Se não houver confiança, um imigrante ilegal em dificuldades tem medo de falar".
Os cinco estão "entusiasmados", e Toni Maia é disso exemplo: "Ajudo em coisas simples, como o preenchimento de documentos, e faço de mediador na resolução de conflitos".
Em sua opinião, a comunidade cigana está "num ponto de viragem", o que é visível, por exemplo, no aumento da frequência escolar, com jovens a entrar para a universidade.
A saber
Solução rápida
A unidade foi procurada por um cidadão brasileiro, recém-chegado, com três filhos e com dificuldades para os alimentar. Foi encaminhado e já tem trabalho.
Salva da rua
Uma cidadã cabo-verdiana, apesar de trabalhar, estava em risco de dormir na rua com uma filha de dois anos e temia perder a guarda da menina. A equipa devolveu-lhe um rumo.
27 nacionalidades
Não há dados sobre o número de imigrantes em Braga, sabendo-se que predominam brasileiros e cidadãos dos PALOP. Na Escola Alberto Sampaio há alunos de 27 nacionalidades.