A substituição da calçada portuguesa por pavimento de betão, na Rua 25 de Abril, em pleno centro de Braga, está a ser contestada pelos moradores, por considerarem que a obra desvaloriza aquela área da cidade, contígua à Avenida da Liberdade. A vereadora responsável pelas obras municipais, Olga Pereira, fala de um piso "menos sujeito a quedas", que pretende "facilitar a mobilidade a mais pessoas".
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Maria Teixeira, que se recorda da infância passada "a brincar nos desenhos da calçada", diz-se "indignada" com a mudança. Mora na Avenida da Liberdade, a poucos metros do local onde as máquinas têm estado a retirar pedras de calcário brancas para dar lugar a blocos de betão cinzentos. "Tem algum jeito? Isto no verão vai ficar muito quente. E a calçada dá outra vida", critica a bracarense.
Alexandre Basto, morador na Rua 25 de Abril, classifica o material escolhido para o pavimento "do mais ordinário que seria possível encontrar". "É pobre e feio para espaços nobres", entende o também arquiteto, lamentando que aquela artéria tenha agora passeios "sem dignidade para o centro da cidade, onde milhares de pessoas circulam diariamente".
"A calçada de calcário, genuinamente portuguesa e que caracteriza muitas das nossas cidades, tem o defeito de poder tornar-se escorregadia com chuva. No entanto, existem alternativas ao seu uso capazes de obter bons resultados e de garantir soluções de continuidade e integração com o calcário e o basalto", defende o bracarense.
nivelar passeios
Nivelar passeios
Segundo a vereadora da Câmara de Braga, Olga Pereira, a obra faz parte do programa "Eu já passo aqui" e "visa nivelar passeios, tornando-os mais confortáveis para peões e pessoas com mobilidade condicionada". Além disso, serão instalados pisos podotáteis para cegos e pessoas com baixa visão.
Contrariando os receios dos moradores, a responsável garante que a intervenção irá concentrar-se na envolvente da igreja de São Lázaro e não será estendida até ao outro lado da Rua 25 de Abril, onde está instalada a Escola Secundária D. Maria II.