Carpinteiro de profissão, Bruno Loureiro trabalha há 25 anos na Misericórdia de Matosinhos. Com um percurso artístico paralelo iniciado em 2004 com a pintura, desenvolveu, a partir de 2021, uma técnica única de arte sacra com recurso a pregos. A arte já o levou a conhecer o Papa Francisco, a quem ofereceu uma peça.
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Bruno, 43 anos, natural de Lavra, em Matosinhos, ainda se lembra de como começou a sua aventura na arte sacra. "Enquanto ajudava a montar uma exposição coletiva de arte sacra, cujo curador era o Santiago Belacqua, partilhei com ele que tinha sido artista plástico”, conta, ao JN. Bruno teve então a oportunidade de mostrar os seus trabalhos de pintura, recebendo elogios do curador. E foi convidado a participar na exposição seguinte. "Tive 15 dias para fazer o meu trabalho e apresentei-o na Santa Casa da Misericórdia. Depois, mostrei-lhe trabalhos de restauro na Santa Casa e no Museu da Misericórdia e ele disse-me que tinha de continuar, mas desta vez, na arte sacra”, acrescentou. Desde 2021, os pregos começaram a ser a matéria prima das suas obras.
A escolha dos pregos é carregada de simbolismo: "Sou carpinteiro na Santa Casa da Misericórdia de Matosinhos. O pai de Jesus, José, também era carpinteiro. Por essa razão, os pregos fazem parte da vida de Jesus". Cada obra é feita através da meticulosa colocação de milhares de pregos e parafusos sob contraplacado marítimo (material usado na construção de barcos), formando figuras religiosas. "Quanto tempo levo a criar cada obra é a pergunta que mais me fazem", observa. No entanto, o artista confessa que "não conta o tempo". "Saio do meu emprego e, por vezes, dedico-me a este trabalho. Sábado é o dia em que dedico inteiramente. Mas faço sempre a contagem dos pregos", refere.