O candidato da coligação PSD/CDS à Câmara de Matosinhos acusa Luísa Salgueiro de governar a Autarquia a pensar na sua autopromoção e de não ter feito uma única obra em oito anos. Bruno Pereira quer apostar sobretudo na mobilidade e construir novas vias.
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Na apresentação da candidatura disse que a Câmara Matosinhos é representada por políticas vazias, egocêntricas, tiques autoritários e gastos desnecessários. Porquê isto tudo?
Em Matosinhos estamos a falar, acima de tudo, de um grupo de amigos que se tem vindo a autogerir nos últimos, pelo menos, 30 anos. Luísa Salgueiro tinha uma relação com Guilherme Pinto, Guilherme Pinto foi vereador de Narciso Miranda, Luísa Salgueiro foi vereadora de Narciso Miranda. Depois todos se emanciparam e criaram as suas próprias raízes, mas a verdade é que temos o mesmo grupo de amigos a liderar a Câmara de Matosinhos quase desde sempre.
Também diz que se está a gastar dinheiro desnessariamente. Onde?
Na questão da habitação, oito anos zero casas. Na mobilidade, nem 1 centímetro da linha de metro para S. Mamede de Infesta ou para o Norte do concelho.Não houve uma única estrada nova, uma via municipal, ou seja, um eixo estruturante a ser construído. Temos é uma série de propostas e de projetos e autopromoção que Luísa Salgueiro faz nos órgãos de Comunicação Social, nas redes sociais, ou seja, ela usa a Câmara como autopromoção. É uma forma de fazer política muito egoísta, muito na base do eu, porque depois, na prática, no dia-a-dia, não conheço obra feita. Ou seja, nestes oito anos, estou muito desiludido com Luísa Salgueiro. Pensava que ela tinha mais capacidade de executar e não teve, não demonstrou. Por isso é que digo que estas políticas de Luísa Salgueiro são muito poucas, muito vazias. Mesmo a questão social, em que Luísa Salgueiro, há oito anos, toda a gente pensava que ela tinha uma forte componente de políticas sociais, são políticas vazias. As pessoas com carências em Matosinhos estão completamente abandonadas. Não foi construída uma creche nova, não foi construído um lar novo, não foi construído um centro de apoio continuado, mas a verdade é que quem for às redes sociais, quem for aos órgãos de comunicação social, vê que Matosinhos é só projetos, projetos, projetos...
Então é aí que está a ser gasto o dinheiro desnecessariamente na promoção da imagem dela?
Há muito dinheiro gasto na promoção de Luísa Salgueiro, nesta autopromoção, ou seja, estamos a falar de milhares de euros que são gastos erradamente. Por exemplo, na Cidade Europeia do Desporto, estão a ser gastos milhões de euros sem saber ao certo em eventos e sem que a população esteja devidamente envolvida. Estamos a falar quase de oito milhões de euros, é muito dinheiro para diversos tipos de espetáculo. E nota-se, por exemplo, mesmo durante este mandato, eu critiquei várias vezes a Luísa Salgueiro pela questão das viagens, mas nunca ninguém percebeu ao certo que o valor que era gasto com viagens e hotéis para Luísa Salgueiro ir debater as políticas de proteção civil de Matosinhos para a área florestal e sobre a refinaria ser um foco de grande perigosidade. Mas, quando no ano passado, Luísa Salgueiro foi a Tóquio falar sobre a proteção civil e as questões da refinaria, a refinaria já estava encerrada há dois ou três anos. Ou seja, nós estamos a falar que Matosinhos, hoje, é governado sem rei nem roque. É no imediato, tem acontecido e tem-se verificado nos últimos meses, com o aproximado das eleições autárquicas, que está a ser feito um gasto exagerado em empreitadas públicas, ou seja, parece que estamos a corrigir estradas que não têm buracos, quando não corrigimos as estradas que têm buracos. Retificamos ou requalificamos passeios que não tinham essa necessidade, e parece que está tudo a ser gasto para mostrar obra, para fazer show-off.
Onde devia estar a ser gasto o dinheiro, essencialmente?
A coligação que encabeço, PSD e CDS, apresenta propostas em todas as áreas: para a requalificação da orla costeira, equipamentos de apoio, proteção civil, um Serviço Nacional de Salvamentos, para a área da segurança, da mobilidade, seja questões de transportes públicos, seja eixos estruturantes rodoviários para zonas que faz falta, para o Norte do Concelho, na zona de S. Mamede de Infesta. Apresentamos uma série de propostas na área do ambiente, um plano diretor municipal para a arborização de Matosinhos, para criar parques, miniflorestas urbanas. Apresentamos propostas na componente da educação, para crianças com necessidades educativas especiais. Apresentámos propostas para o cidadão sénior, por exemplo, as linhas de apoio que Matosinhos publicita no seu site não funcionam. Apresentámos propostas na área da cultura. Por exemplo, para a Cidade Europeia do Desporto, a criação de um skatepark na zona do Parque Real. Não fizemos uma política de oposição destrutiva, fizemos uma política construtiva, com ideias concretas, palpáveis, como por exemplo a questão da redução da carga fiscal associada ao índice familiar, o escalonamento da derrama e Luísa Salgueiro não foi aceitando.
De todas as soluções que já foram apresentando, qual seria a prioridade nesta altura?
Não há nada que seja mais prioritário mas acho que se tivesse que priorizar era a questão de mobilidade. Não adianta falar só das questões de transportes públicos. Matosinhos tem lacunas graves em eixos rodoviários estruturantes. No seu território, passam as grandes estradas de âmbito nacional, a A28, a A4, a Via Norte, a própria circunvalação. Matosinhos tem que requalificar algumas dessas vias. A Circulação tem que passar a ser uma espécie de avenida da Boavista. Tem que haver saídas da A28 para retirar a carga rodoviária da rotunda da AEP. Propusemos algumas vias, nomeadamente na Via Norte, porque é uma zona que vai ter uma expansão muito grande. Faz também sentido fazer a ligação do centro da Senhora da Hora à A4, através da rotunda que existe em Custóias para retirar trânsito do centro. Em Leça da Palmeira as pessoas não têm sequer hipótese que não seja circular pela A28 ou então pelas estradas municipais. Faz falta, de facto, uma avenida paralela entre a orla costeira e a A28. Isto são medidas muito necessárias no imediato. Depois há outras medidas, como o pilar básico, que é a educação, faz falta dar resposta ao dia-a-dia das famílias, dos professores, do corpo não docente, das crianças com necessidades educativas especiais. Na questão da habitação, as taxas de construção são três vezes mais caras do que eram há cinco anos. E, em comparação com os municípios à volta, o concelho perde competitividade. E depois Matosinhos optou por reduzir 10% a capacidade construtiva. Ao diminuir 10% a capacidade construtiva e aumentar as taxas encareceu o metro quadrado. Ou seja, há aqui um erro muito grave de Matosinhos, que cria uma espécie de bolha imobiliária.
Mas Matosinhos deve apostar na construção ou na reabilitação?
Eu diria em ambos. Porque quando olhamos para Matosinhos, temos que ver que o território é completamente diferente. A resposta tem que ser dada dependendo da área. Por exemplo, na Brito Capelo não faz sentido fazer construção de prédios de 20 andares. Faz sentido requalificar o que está. Mas depois há zonas mais afastadas do centro, onde há espaço com capacidade construtiva. E aí sim devemos apostar na capacidade construtiva. Mas é preciso ter atenção a outra questão. Na zona envolvente ao Marshopping vai haver um aumento de construção mas as vias rodoviárias são as mesmas. Ou seja, há falta de planeamento, de estratégia, não se consegue idealizar um concelho a 20 ou a 30 anos. Nos anos 80 e anos 90, na questão da habitação cooperativa, Matosinhos foi um caso de sucesso. Hoje temos que criar um novo movimento de cooperativas nas freguesias onde ainda é possível a expansão, como Guifões, Perafita, Santa Cruz do Bispo, Leça do Balio. Acima de tudo, Matosinhos é um concelho com uma má visão.
Ainda ao nível da habitação, defende que se crie habitação social para funcionários públicos deslocados. Para quais?
É algo que defendo pela minha via profissional. Quanto estou em repartições públicas e escolas, verifico que há uma série de funcionários deslocalizados das suas habitações, os quais têm salários dito o de médio nacional, que têm que arrendar um quarto ou uma casa para viver em Matosinhos de segunda a sexta-feira. Acho que uma forma de proteger também o funcionalismo público, é conseguir habitação digna, municipal, seja através da construção de focos habitacionais como existiam nos anos 60 e nos anos 70, para um determinado setor profissional, seja pela requalificação, criando-se habitação partilhada. Em vez do funcionário pagar 300, 400 ou 500 euros por um quarto ou por uma habitação em Matosinhos, pagaria um valor residual e isso seria quase um complemento salarial e nós estaríamos na capacidade de atrair os melhores para Matosinhos.
No que toca à segurança, considera suficiente o sistema de videovigilância que vai avançar em Matosinhos-Sul e na Senhora da Hora?
Há cinco anos quando defendi sozinho a implementação do sistema de videovigilância toda a gente criticava. Acho que o sistema de videovigilância proposto com 42 câmaras colocadas em Matosinhos-Sul e na envolvente de Norteshopoing é curto. Faz falta câmaras na envolvente de todas as zonas centrais das freguesias onde há comércio, e em Leça da Palmeira em frente à refinaria. E faz sentido aumentar o reforço de meios humanos e de viaturas. O Matosinhos não pode estar quatro anos a dar quatro viaturas à Polícia Municipal, GNR e PSP. Não, tem que haver uma aposta a sério.
Um problema que está muito na ordem de dia em Matosinhos é a questão ambiental. Faz sentido que, depois de se eliminarem tantos focos de poluição que existiam no Concelho ao nível industrial, as praias estejam constantemente praias interditas?
Não, não faz. É outra das questões em que digo que Luísa Salgueiro faz política de espetáculo. Não é normal, durante estes pelo menos 30 anos, nunca ter sido feito o devido levantamento dos focos de poluição e começarem a fazer agora o levantamento para perceber de onde é que vêm as descargas ilegais, de onde é que ocorre a contaminação da praia. Por isso é que digo que Luísa Salgueiro é somente show-off. Porque nas questões de educação ambiental falhou redondamente em tudo. E Matosinhos parece que está a regredir. Mesmo na questão da poluição da praia de Matosinhos. A praia de Matosinhos já está poluída há muito tempo. Nada foi feito. Falaram de estudos, falou-se das ligações para lá do quebra-mar. Só vamos pôr a porcaria que sai hoje na Praia de Matosinhos a sair para lá do quebra-mar, ou seja, continuamos a poluir o meio ambiente. Por isso, Matosinhos precisa, não só na Ribeira da Riguinha, mas em todos os afluentes que são foco de poluição, de construir pequenas zonas de tratamento de resíduos. A atual não chega. Está feita para uma determinada zona do concelho e não está preparada para este tipo de afluentes. A Praia de Matosinhos é a principal praia urbana da Área Metropolitana do Porto. E é muito maltratada em Matosinhos. Mesmo a zona da restauração de Matosinhos é uma zona suja, descuidada. Não há uma visão política para melhorar aquela zona, para atrair ainda mais pessoas, para trazer mais alegria, mais qualidade de serviço. E o que eu acho é que hoje, Luísa Salgueiro representa isso, que o socialismo em Matosinhos foi esprimido ao máximo, já não tem sumo e qualidade política para dar.
Acredita que é nestas eleições que o socialismo vai, pela primeira vez na história democrática de Matosinhos, ficar em segundo lugar?
Acredito que nestas eleições possa ganhar a Câmara de Matosinhos. Acredito que temos melhores projetos, melhores propostas para Matosinhos, temos mais vontade de fazer mais e melhor por Matosinhos do que o atual Executivo. Os quadros políticos que estão na minha candidatura são melhores preparados profissionalmente, academicamente e têm mais vontade de tal do que os quadros do Partido Socialista.