
Câmara de Valongo quer reconhecimento patrimonial da Bugiada
DR
O que é que Sobrado tem? Aparentemente, é uma vila igual às outras. Mas no domingo, tudo se transforma. E só estando lá, a ver a Bugiada, a expressão sanjoanina quase carnavalesca, é que se percebe o que é que Sobrado tem.
No, a festa popular terá visitantes de honra - uma comitiva da UNESCO, convidada pela Câmara de Valongo, empenhada em conferir à Bugiada uma dimensão internacional, por um lado, e reconhecimento patrimonial, por outro.
Recentemente, aliás, a marca foi registada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial, em nome da Casa do Bugio. Há dias, a Câmara classificou a festa como Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal. Anteontem, os bugios estiveram em destaque na abertura da nova loja interativa de Turismo do aeroporto de Francisco Sá Carneiro. Valongo é ainda a sede da Rede da Máscara Ibérica, organização da qual é cofundador e que visa elevar várias festas populares portuguesas e espanholas a património cultural da Humanidade. O que Sobrado tem, todavia, só lá estando se apreende.
É preciso lá estar, no domingo, quando algo indizível estreme na atmosfera, como um anúncio de trovoada, e o povo absorve, embriagado de emoção, o desfile dos guerreiros nas "Danças de Entrada", que abrem o ritual, entre o meio-dia e a uma. E mais uma vez, como há décadas, mouros (mourisqueiros) e cristãos (bugios) vão combater pela posse da estátua milagrosa de S. João, até, no final, estes - que gritam "Ela é nossa!" - a recuperarem.
