Utentes da A21 estão revoltados com "o acesso limitado aos ricos".
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Utentes indignados com o aumento do preço das portagens na auto-estrada A21 (Ericeira/Mafra/Malveira) de 60 cêntimos para 2,10 euros manifestaram-se ontem num buzinão junto das portagens da Ericeira. O trânsito ficou entupido mais de uma hora.
Cerca de 80 manifestantes concentraram-se junto à entrada da auto-estrada, na Ericeira, mostrando cartazes onde se podiam ler frases como "portagem de luxo", "taxa injusta" ou "acesso limitado aos ricos". Outros, por seu turno, optaram por ir de carro, tendo-se juntado várias dezenas de veículos a buzinar e a contornar várias vezes a rotunda de entrada da A21, no mesmo local, de modo a entupir o acesso à auto-estrada.
Em causa está o aumento do preço das portagens para mais do triplo, após a assinatura do acordo de transferência da câmara, responsável pela construção, para a Estradas de Portugal, como estava previsto desde a construção.
"Utilizava todos os dias a A21 porque trabalho na Venda do Pinheiro e estou contra pagar mais 66 euros por mês", devido ao aumento das portagens, afirmou à Lusa Nuno Ferro, morador na Ericeira, acrescentando que o aumento "é incomportável para a maior parte das carteiras".
Paulo Galvão, um dos utentes promotores da manifestação, disse que estão previstas acções de protesto no mesmo local todos os domingos à mesma hora. Os utentes lançaram também uma petição na Internet que já conta com mais de três mil assinaturas.
Entretanto, o presidente da Junta de Freguesia de Mafra, António Ramalho Pereira, disse ao JN não compreender "as razões deste protesto". "Desde a inauguração da auto-estrada que toda a gente sabia que estes preços iriam ser praticados e não podem agora dizer que foram enganadas", sublinhou o autarca, frisando que "está estabelecido por lei serem 11 cêntimos por quilómetro ".
Recorde-se que a Câmara de Mafra foi a primeira autarquia do país a construir uma auto-estrada alegando que a obra era essencial. A construção foi viabilizada com um compromisso entre o então Instituto de Estradas de Portugal, a Câmara Municipal e a Mafratlântico, empresa municipal que ficou responsável pela execução da obra. Na altura ficou estabelecido que após a construção a via seria transferida para o IEP, que procederia à criação de uma concessão rodoviária.
*COM LUSA
