Empresários admitem que serão prejudicados, mas compreendem a necessidade. Feira semanal de segunda-feira só terá produtos alimentares.
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Os 59 casos ativos entre os 16 mil habitantes do concelho de Cabeceiras de Basto fazem com que a taxa de incidência atinja os 378 por 100 mil habitantes, uma avaliação negativa pela segunda vez consecutiva e que dita o regresso à fase 3 do confinamento. Regras mais apertadas que já estavam em vigor desde a primeira hora desta sexta-feira mas que, ainda assim, não foram suficientes para dispersar todos aqueles que aproveitavam o sol nas esplanadas da praça fronteira ao Mosteiro de São Miguel de Refojos. As maiores restrições vão sentir-se durante o fim de semana, altura em que o comércio a retalho não alimentar terá de fechar portas às 13 horas.
É o caso do Café Cabeceirense, propriedade de Francisco Magalhães. "Os fins de semana são os períodos mais rentáveis para nós. Já estávamos a notar a diferença quando houve esta maior abertura, mas agora vamos voltar para trás", lamentou. Contudo, Francisco percebe este marcha-atrás imposto pelo Governo. "As pessoas estavam já a relaxar muito mas o vírus ainda anda por aí", assumiu, resignado. Esta sexta-feira, no Café Cabeceirense, já se sentiu a falta de muitos clientes habituais pela hora de almoço.
Na esplanada do Cabeceirense, novos e velhos colocavam a conversa em dia numa tarde que convidava ao convívio. Maria Moreira, 23 anos, estudante universitária, mostrou-se consciente da necessidade de regresso à fase 3 do confinamento porque, considera, "os jovens abusaram da liberdade". Daí defender a ideia do maior confinamento ao fim de semana para evitar que os jovens sejam fator de propagação num concelho onde recentemente foram detetados 30 casos entre a comunidade escolar e que fizeram subir a taxa de incidência do vírus. "Isto é um alerta para que as pessoas tenham cuidado e mantenham a guarda", frisou a jovem. Uma das medidas que o Governo não impôs mas que a autarquia de Cabeceiras de Basto decidiu tomar foi o cancelamento da feira semanal, realizada às segundas-feiras, com exceção dos produtos alimentares. Um revés para as receitas do táxi de José Pires. Há 32 anos profissional do volante, este cabeceirense de 63 vê sempre este dia da semana como o melhor para o negócio.
"Nos dias de feira, há mais trabalho e vou perder cerca de 70% a 80% dos serviços. Mas se tem de ser a bem da saúde de todos, que seja", desabafou. À semelhança de outras atividades, também os taxistas atravessam uma fase difícil. "As pessoas não saem de casa e eu não tenho trabalho. Há colegas meus que já não vêm para a praça", garantiu. A autarquia decidiu também encerrar espaços desportivos, parques de lazer e parques infantis. Durante uma semana, vai imperar no concelho o dever geral de recolhimento.