ICBAS tem alunos que são voluntários do canil, mas quer alargar ação à comunidade da Universidade do Porto.
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Ainda o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) funcionava junto ao Hospital de Santo António, no Porto, e já o grupo de cães da raça Beagle ajudava os alunos de Veterinária "na componente pedagógica". Mas fora do horário do "serviço" - que na maior parte das vezes é receberem festas, enquanto lhes são feitas, por exemplo, ecografias -, os "colegas" de quatro patas precisam de passear.
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Para evitar que haja falta de gente que leve os 17 Beagle (nove fêmeas e oito machos) à rua, o ICBAS decidiu alargar o voluntariado "a toda a comunidade da Universidade do Porto, sejam eles estudantes, docentes ou técnicos", contou, ao JN, Irina Amorim, professora auxiliar do ICBAS e responsável pelo canil.
Tempos houve em que esta tarefa chegou a ser da responsabilidade da associação de estudantes, que organizava o voluntariado apenas com os alunos do ICBAS. Mas "na época dos exames ou de férias os estudantes escasseavam", contou a responsável. Então na pandemia "foi crítico", recordou a tratadora, Sofia Abrunheiro, salientando que, na altura, apenas a equipa do canil ficou responsável por levar os cães à rua.
"O objetivo é que todos os dias [incluindo fins de semana] tenhamos pessoas suficientes para passearem os "Beagle"", referiu Irina, dando conta que as saídas acontecem "às 10 e às 14 horas". O passeio, "sempre com trela", que é acompanhado por um tratador, varia entre 30 a 40 minutos, sendo costume alterarem os percursos, nas redondezas do ICBAS, para os cães "receberem estímulos diferentes", justificou Sofia.
Bónus no diploma
"Para além de ser uma atividade que dá saúde, contribuindo para reduzir o stresse, o sedentarismo e a solidão, no caso dos estudantes, ao completarem 20 horas de voluntariado, têm direito a um bónus no diploma final que lhes confere essa valência", referiu Irina.
"Esta proximidade faz sentido e a justificação é clara: temos um enquadramento privilegiado, porque vivemos numa oferta formativa que é muito transversal", destacou Henrique Cyrne Carvalho, diretor do ICBAS, salientando o facto da "orientação estratégica passar por este conceito de uma só saúde".
Tal como Sofia, David Patriarca, outro dos tratadores, reconhece cada um dos Beagle pelo nome: "É a Margarida, a Marta, o Nicolau, o Norberto, a Nata, o Nuno, o Newton, e a Lilli, a mais velha do grupo e também a mais envergonhada", apontou para o recinto ao ar livre, que Irina chama, entre risos, de "penthouse". Um espaço amplo, num sexto andar, repleto de brinquedos, onde não falta uma piscina onde os animais brincam em dias de maior calor.
Para adoção
Do grupo de 17 cães de raça Beagle, Lilli é a mais velha, com 12 anos, e também a mais tímida. Irina Amorim, professora auxiliar do ICBAS e responsável pelo canil, referiu que "a cadelita está para adoção", mas será preciso um dono "especial", capaz de lidar com a falta de segurança de Lilli.
Atendimento
Nas instalações do ICBAS, a população em geral tem acesso ao UPVET, um centro de atendimento veterinário, cujos objectivos são a formação prática dos estudantes do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária. O espaço, situado na Rua Jorge de Viterbo Ferreira n.º 132, tem serviço permanente de urgência. O serviço é pago.
Não há reprodução
No canil não é feita reprodução dos Beagle. Nas aulas , os cães servem para os futuros veterinários avaliarem o bem-estar animal.
Raça autorizada
Os Beagle eram, até há pouco tempo, a única raça que estava autorizada pela Direção-Geral de Alimentação Veterinária para ser usada na componente pedagógica.