Alberto João Jardim considera que para os madeirenses e para a economia regional seria uma "calamidade decretar o estado de calamidade", avançando que quer "fazer já a Festa da Flor".
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O presidente da Governo Regional da Madeira, em entrevista televisiva, voltou a criticar a opção de decretar o estado de calamidade para a ilha que, este sábado, foi destruída por um temporal.
"Numa terra como esta seria uma calamidade decretar o estado de calamidade", defendeu, lembrando que a Madeira vive do turismo. "Eu não posso destruir um mercado que é a nossa sobrevivência", explicou, por entender que declarar o estado de calamidade iria "afectar as pessoas da Madeira por via da sua economia ser afectada".
Durante a entrevista, o presidente do Governo Regional da Madeira congratulou-se com a "solidariedade nacional" que sentiu nos últimos dias, dizendo-se ainda "muito grato" com a decisão do PS de retirar da agenda política a questão das finanças regionais, designadamente o anunciado pedido da fiscalização preventiva da lei junto do Tribunal Constitucional.
A Lei das Finanças Regionais foi aprovada este mês, em votação final global, por todas as forças da oposição e contra a vontade do PS, que anunciou a intenção de pedir a fiscalização do diploma junto do Tribunal Constitucional.
As palavras mais duras de Alberto João Jardim foram para os que defenderam que o caos na Madeira após as fortes chuvadas era resultado dos erros de ordenação do território. Esta noite, Jardim classificou as acusações de "canalhices", vindas de "pessoas que não têm vergonha na cara e se aproveitam desta calamidade para fazer política".
"Se não tivéssemos canalizado as ribeiras da Madeira como canalizámos, hoje a Baixa da Madeira não existia", defendeu, contrariando a tese de construção e impermeabilização dos solos.
A força das águas que sábado destruiu a ilha da Madeira, deixando centenas de pessoas desalojadas, poderá ter atirado pessoas "de diferentes pontos da ilha" para o mar. "Neste momento admito tudo", sublinhou o responsável, apontando a hipótese de algumas pessoas terem sido "levadas nas enxurradas". "De uma maneira geral, foram arrastadas para o mar e será muito difícil resgatá-las", frisou.
O vice-presidente do Governo Regional da Madeira, Cunha e Silva, anunciara que o temporal deixou 370 pessoas desalojadas. No entanto, Jardim contestou esse número, considerando que existem apenas "26 famílias desalojadas".