Ao contrário do habitual, o "Jornal de Barcelos" não saiu para as bancas na passada quarta-feira, depois de a administração comunicar que o semanário iria fechar até ao final de julho. Desagradados com a situação e com salários em atraso, os jornalistas demitiram-se em bloco e o diretor do semanário, Paulo Vila, acusa o vice-presidente da Câmara de "pressões incessantes". Contactado pelo JN, o autarca Domingos Pereira escusa-se de falar no caso, não querendo fazer "render o peixe".
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Paulo Vila, ao JN, fala de "ingerências do vice-presidente da câmara, junto da direção ou junto de terceiros". "Não são de agora, mas intensificaram-se depois da condenação por corrupção. Depois há um conjunto de notícias de subsídios atribuídos à paróquia, num acordo assinado pelo vice-presidente. Estes dois assuntos foram a gota de água", acusa, acrescentando: "Quiseram decapitar, e conseguiram, esta linha editorial do Jornal de Barcelos".
No editorial da semana passada, o diretor do Jornal de Barcelos lembrava que o agora vice-presidente da autarquia "outrora defendeu" que Miguel Costa Gomes renunciasse ao mandato, após ser acusado de corrupção. "O que o vice-presidente agora faz são ameaças veladas a "hipócritas" e "covardes" que estão na política local" e avisos sobre "quem manda" no seu mandato "legitimado pelo voto soberano do povo"", afirma.
Após 11 anos, Paulo Vila cessa funções como diretor do Jornal de Barcelos, publicação com 72 anos de história. "A procura da verdade, sobre quem fosse e o que quer que fosse, foi o único desígnio que me norteou nesta longa caminhada. Mas a verdade é, muitas vezes, incómoda e tem um preço", conclui.