O presidente da Câmara da Póvoa de Varzim acusa a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) de ignorar o "problema grave" da praia da Estela.
Corpo do artigo
Há dois anos que a duna da praia da Estela ameaça romper, colocando em risco centenas de campos hortícolas, e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) ainda não tem solução para o caso, segundo o presidente da Câmara da Póvoa de Varzim. Aires Pereira acusa o governo de tratar de forma diferente os municípios que não são da sua cor política.
"Parece-me uma indecência a forma como o governo tem tratado as autarquias que não são socialistas. Tenho assistido a ministros a visitarem passadiços que têm areia e a arranjarem soluções e esta, que já está identificada há mais de dois anos e pode ter consequências muito graves, a APA e o sr. ministro do Ambiente não se interessam", reclama o edil, aludindo à obra de 800 mil euros que será feita na vizinha Vila do Conde para relocalizar os passadiços da Reserva Ornitológica de Mindelo (ROM), entretanto invadidos pela duna.
"Preocupa-me a atividade agrícola que está no tardoz desta duna e, se a duna for rompida, a água salgada irá contaminar aquele aquífero e porá em causa toda a atividade hortícola daquela zona", explicou Aires Pereira, que, na quinta-feira, foi questionado sobre o caso pela deputada Sara Pereira, do Bloco de Esquerda, na Assembleia Municipal.
O autarca acusa a APA de não querer resolver o problema, ainda que a Câmara já se tenha disponibilizado para ajudar, nomeadamente liderando o projeto: "Não querem olhar para isto como um problema que urge resolver. Ainda há dois dias, os técnicos da APA fizeram uma visita ao local e não têm solução. Acho estranho que haja uma solução para todo o lado e para a Póvoa de Varzim não se dignem deslocarem-se ao local e arranjarem uma solução".
Quantos aos sacos de areia (geo bags) a desfazer-se espalhados pelo areal e com a época balnear à porta, Aires Pereira lamenta mais uma vez: "O Golfe já se disponibilizou para fazer essa limpeza, mas para isso também precisa de uma autorização da APA e nem isso conseguem resolver!".
O caso foi denunciado pela deputada Sara Pereira em 2021. Centenas de "geo bags" a descoberto (fruto de uma obra de proteção dunar feita em 2018, sob a supervisão da APA, e paga pelo Estela Golfe), ferros e restos de betão à mistura, numa extensão de quase três quilómetros, e uma duna, cada vez mais pequena, sem sustentação, a ameaçar ruir a qualquer momento. Na altura, a APA prometeu carregar a praia com areia e procurar uma solução "de fundo". A areia voltou a desaparecer num par de meses. As obras nunca chegaram.