A Câmara de Famalicão está à espera do parecer da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que vai determinar se o arsénio presente no solo dos terrenos para onde está prevista a construção do terminal rodoferroviário em Lousado é de origem natural ou humana. A decisão irá definir ação da autarquia.
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A concentração de arsénio nos solos é mais um contratempo do projeto da Medway que foi apresentado em 2019 e sofrendo ajustes, mas ainda não saiu do papel.
No passado mês de janeiro, Carlos Vasconcelos, presidente da empresa, disse ao Dinheiro Vivo (DV) que o estudo de impacto ambiental detetou “concentrações de arsénio com um teor elevadíssimo em alguns pontos do terreno” onde está previsto a implantação do terminal. “A APA, em termos gerais, aprovou o projeto, mas quer ter a certeza de que essas concentrações de arsénio são de origem natural e não de origem humana”, afirmou à mesma fonte.
Carlos Vasconcelos acrescentou ainda que caso sejam de origem natural, podem ser utilizadas no terreno. Contudo, se houver necessidade de deslocar essas concentrações de arsénio, o valor do investimento “dispara” para “números que muito provavelmente porão em risco o projeto”. Apesar disso, o responsável da Medway disse não acreditar que o projeto esteja em risco, já que é bastante importante para o país.
O assunto foi discutido na manhã desta quinta-feira, na reunião do executivo camarário, depois dos vereadores socialistas terem questionado quais as ações que estão a ser equacionadas para a situação. “Trata-se de um metal pesado de elevada toxicidade, e é preciso tomar providências já”, afirmou a socialista Augusta Santos, acrescentando que é necessário saber se as águas estão contaminadas e monitorizar a qualidade do ar.
“Queremos que o projeto siga o seu curso mas salvaguardando a saúde ambiental e bem-estar humano”, adiantou.
Mário Passos, presidente da Câmara de Famalicão, sublinhou que o município tem todo o interesse no projeto e que está a aguardar o parecer da APA para determinar as ações a levar a cabo.
O terminal rodoferroviário foi apresentado como o maior da Península Ibérica, em 2019, e foi sofrendo ajustes. Em 2021, a APA deu parecer favorável condicionado ao projeto, impondo a monitorização das concentrações de arsénio, sendo que só em 2022 é que a Medway concluiu a aquisição dos terrenos.
O projeto prevê a construção de quatro linhas férreas, uma área de 220 mil metros quadrados, e contempla uma ligação para contentores refrigerados, área reservada para mercadorias perigosas, serviços logísticos e parque seguro para camiões e oficinas.