A Câmara da Póvoa de Varzim vai tomar posse do Campo de Tiro de S. Pedro de Rates e tirar de lá uma empresa de coronhas que, segundo o presidente, funcionará lá ilegalmente. A decisão foi tomada, esta quarta-feira, por unanimidade, na reunião de câmara. A gestão do campo, recorde-se, estava, desde 2005, entregue ao Clube de Tiro de S. Pedro de Rates.
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"Fomos alertados que haveria utilizações não consentâneas com o contrato de comodato que havia com o município e determinei a vistoria. Para espanto nosso, verificamos que tinha sido completamente adulterado o uso do campo de tiro, que estava a funcionar uma fábrica lá dentro e que o uso dos diversos espaços estava todo condicionado por isso", explicou Aires Pereira, que, perante as conclusões da vistoria, propôs à câmara a revogação do contrato de comodato.
Agora, diz, a autarquia vai, de imediato, notificar o Clube de Tiro e tomar posse das instalações. Os dois representantes do município nos órgãos sociais do clube cessaram funções em 2021 e o clube, acrescenta ainda o presidente, estará atualmente sem gestão. O ex-autarca Macedo Vieira era o sócio n.º 1.
"Como é possível aquele que foi considerado um dos melhores, senão o melhor campo de tiro da Europa, estar hoje transformado num espaço completamente abandonado sob o ponto de vista daquela que é a sua atividade? O relatório é muito alarmante relativamente ao estado em que está o património público", acrescentou ainda o edil, acrescentando que "irão ser apuradas responsabilidades até às últimas consequências".
Em julho de 2017, e de acordo com o site oficial da Câmara da Póvoa, Aires Pereira visitou o Campo de Tiro e saudou Manuel Ricardo, que, já na altura, tinha a "oficina instalada no campo de tiro", dizendo que o coronheiro era "procurado por pessoas de todo o mundo" e "um dos poucos no país especializado na atividade". Agora, diz que nunca deu "autorização a nenhuma empresa para lá laborar" e prepara-se para despejar a "Coronhas por Medida".
A denúncia que deu agora origem ao caso partiu da Sociedade de Tiro do Porto. O campo poveiro é o único complexo do país que abrange todas as disciplinas de tiro com armas de caça e tiro à bala e chegou a receber várias competições internacionais.
João Trocado, do PS, diz que o caso pode ter, inclusive, matéria criminal, uma vez que, em causa, está "um bem público", pago com dinheiros do município. O socialista acrescenta ainda que o espaço tem potencial, quer do ponto de vista desportivo, quer como espaço de treino para as forças de segurança. A Câmara só tem, agora, que saber aproveitar as mais-valias.
O JN tentou ouvir a Coronhas por Medida, mas sem sucesso.