O presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, quer saber de onde vieram e que resíduos estão a ser depositados no aterro da Resulima em Paradela, Barcelos. Autarquia e Junta de Laúndos denunciaram a deposição de resíduos em aterro sem qualquer tratamento.
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Agora, a Resulima vem dizer que foi “uma situação pontual de emergência”, mas o edil tem dúvidas e quer fiscalização apertada.
“É uma situação que já aconteceu e que continua a acontecer. Nós temos registos desta semana de semi-trails a descarregar resíduos dos quais não sabemos a proveniência e, portanto, espero que as autoridades competentes exerçam a fiscalização, peçam as guias do que lá foi depositado, de onde veio e que tipo de resíduo para não voltarmos a criar situações que, no futuro, nos podem dar muitos problemas”, afirmou Aires Pereira, lembrando o que se passou em S. Pedro da Cova, em Gondomar, com a deposição de resíduos perigosos nas antigas minas, e a realização, na semana passada, de “mais uma deligência policial relativamente à importação ilegal de resíduos para Portugal”.
“Não estou a dizer que esta seja a situação que está a acontecer, agora que é muito estranho o que ali se está a passar, é”, frisou, ainda o presidente da Câmara da Póvoa.
Na passada sexta-feira, recorde-se, a Junta de Laúndos publicou uma série de fotografias de camiões a depositarem resíduos em aterro sem qualquer tratamento na unidade de Paradela.
Resulima diz que deposição sem tratamento ocorre em situações de emergência
Ontem, a Resulima emitiu um comunicado e garante que a situação descrita “não corresponde à verdade dos factos”. A empresa, que gere os resíduos dos municípios de Arcos de Valdevez, Barcelos, Esposende, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo, diz que a deposição de lixos sem tratamento em aterro “ocorre exclusivamente em situações de emergência, avaria ou quando os circuitos de recolha em questão têm resíduos que, pela sua natureza e características, têm potencial de causar avaria nos equipamentos”. Foi, garante, o que aconteceu: “Esta situação ocorre em alguns circuitos de recolha de resíduos urbanos onde foram detetados resíduos têxteis em elevada quantidade, situação que já está a ser analisada com as entidades responsáveis”.
A Resulima garante ainda que o caso foi “devidamente reportado e registado” e que “é do conhecimento de todas as entidades que fazem parte da Comissão de Acompanhamento da Unidade de Valorização de Resíduos”.
Para Aires Pereira, o comunicado da Resulima “só demonstra que a situação é recorrente” e vai denunciar o caso à Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT), ao Ministério do Ambiente e à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).
O autarca lamenta que a CCDR-N, que emitiu uma licença provisória ao aterro de Paradela, prometeu fiscalizar até às últimas consequências a situação e “até hoje não tem acontecido”. O edil quer, agora, saber se a licença, que caducará já no final deste ano, será renovada, uma vez que, diz, a Resulima não realizou os investimentos a que estava obrigada para minimizar os incómodos causados pelos maus cheiros e que as deposições sem tratamento, apontadas como uma das falhas na vistoria, continuam a ocorrer.